Cresce busca pelas empresas por defesa contra dólar caro
As empresa brasileiras com dívida em dólar aumentaram em mais de 40% a contratação nos bancos de instrumentos de proteção contra a alta da moeda norte-americana, que já subiu 15,2% neste ano.
A maior parte das empresas é formada por importadoras de produtos e serviços, como leasing de equipamento, de médio e grande portes, que têm pagamento em dólar vencendo nos próximos meses.
A busca por proteção cambial (chamada de hedge) se intensificou em maio, mês em que a moeda americana saltou de R$ 2 para R$ 2,13.
Em maio, foram fechados contratos para proteger US$ 15 bilhões em dívidas com vencimento nos próximos meses, segundo a Cetip, empresa responsável pelos registros dessas operações. Em dezembro, antes dos solavancos no câmbio, foram registrados US$ 10,3 bilhões.
Para Fabio Zenaro, diretor da Cetip, as empresas que atuam no comércio exterior trabalham com limites flexíveis de quanto podem suportar a variação cambial sem prejudicar sua contabilidade.
“Quando esses limites são rompidos, como aconteceu em maio, elas vão aos bancos para segurar’ a taxa de câmbio. E isso aumentou muito nas últimas semanas”, disse.
A contratação de proteção cambial seguiu alta nos meses seguintes (veja quadro acima), bem acima da média de US$ 9 bilhões ao mês de 2012.
Até o dia 21, quando o dólar rompeu a barreira de R$ 2,40, os novos contratos de hedge somavam R$ 7,52 bilhões em agosto. A maior parte dessas operações é fechada no fim do mês.
Enquanto as operações feitas na BM&FBovespa são padronizadas, a Cetip registra contratos customizados de acordo com as necessidades de cada cliente. Na Bolsa, os contratos vencem na virada do mês, enquanto na Cetip o vencimento pode ocorrer em qualquer dia.
Ao todo, a Cetip contabiliza, até o dia 21, um estoque de 42.798 contratos, que totalizam R$ 164,7 bilhões em dívida protegida contra a variação cambial. Em dezembro, eram 34.490 contratos, que somavam R$ 140,4 bilhões.
MECANISMO
Para “congelar” a taxa de câmbio, a empresa faz uma cotação em diferentes bancos e fecha com aquele que oferecer o melhor preço. Normalmente, o banco embute o custo na cotação da divisa.
Se o dólar comercial estiver em R$ 2,38, como ontem, a instituição cobra um pequeno acrescimento e vende a moeda a R$ 2,40 para a data em que o cliente necessita.
Independentemente do valor do dólar nesse dia, o cliente pagará R$ 2,40. O que faltar (ou sobrar, se a moeda cair) fica por conta do banco.
Quanto maior o risco assumido pelo banco, que também vai procurar proteção na Bolsa, maior será o preço cobrado pela operação.
Fonte: Folha de São Paulo