Crédito do BNB para energia renovável atrai projetos da BA
Menos de quatro meses depois de ter sido autorizado pelo Ministério da Integração Nacional a voltar a financiar a geração de energia renovável, o Banco do Nordeste (BNB) já recebeu somente na Bahia cerca de 40 projetos de empresas em sociedades de propósito específico (SPE) em busca de recursos para a construção de sistemas eólicos e solares. O banco agora financia, além de empresas, projetos individuais de pessoas físicas e até mesmo de condomínios e associações, sejam na zona rural ou urbana.
Foi criada, inclusive, uma linha de crédito específica para a micro e a minigeração distribuída de energia elétrica, usando recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste. O chamado FNE Sol, como a linha foi batizada, chega ao mercado com condições animadoras em tempos de dinheiro escasso: o investimento pode ser financiado em até 100%, com bônus de adimplência de 15% e juros entre 9,5% a 15,5% ao ano.
“A empresa pode ser de qualquer porte, mas, no caso do FNE Sol, o projeto só pode ser de micro e minigeração de energia”, ressaltou o superintendente do BNB na Bahia, Jorge Bagdêve.
No caso de projetos de grande porte nos setores de biomassa, energia eólica, energia solar fotovoltaica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), há também recursos disponíveis, mas em outras condições: financiamento de até 60% do valor, com prazo de até 20 anos e carência de até oito anos, com taxas de juros de 12,95% e bônus de adimplência 15%
Volume de recursos
Conforme Bagdêve informou, com exclusividade para A TARDE, do teto de até R$ 4 bilhões previstos para aplicação do FNE em projetos em território baiano, cerca de R$ 500 milhões devem ser direcionados para micro e minigeração, por meio do FNE Sol, “podendo chegar a muito mais, a depender da demanda”, como frisou. O financiamento pode ser pago em até 12 anos, com até um ano de carência.
“O FNE Sol é um produto sem concorrência no mercado que atende a uma exigência cada vez mais presente na realidade das empresas que buscam eficiência, ecossustentabilidade e redução de custos operacionais”, pontuou Bagdêve.
De acordo com o engenheiro eletricista Marcelo Cad, os sistemas de micro e minigeração de energia solar, por exemplo, custam, em média, até R$ 40 mil, “a depender do quanto se quer produzir de energia”.
Retorno
“Na maioria dos casos, o retorno dos projetos na redução das contas de energia só começa em dez anos, pois toda a economia gerada, num primeiro momento, é usada para pagar o financiamento, portanto, é preciso ter essa visão de longo prazo”, explicou Cad, que é professor de engenharia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba).
Entenda como funcionam a micro e a minigeração distribuída
A microgeração distribuída de energia elétrica compreende as centrais geradoras que utilizem cogeração qualificada ou fontes renováveis (hidráulica, solar, eólica, biomassa etc.), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras, e cuja potência instalada seja menor ou igual a 75 kW.
Já a minigeração distribuída engloba os mesmos tipos de centrais geradoras com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5 MW (com exceção da fonte hidráulica, cuja potência deve ser menor ou igual a 3 MW).
Créditos
O sistema gera energia, entrega à rede de distribuição e a companhia distribuidora de energia elétrica local – no caso da Bahia, a Coelba – converte essa geração em créditos acumuláveis que podem zerar a conta de energia do cliente já no primeiro mês de utilização.
Segundo os fornecedores do setor de equipamentos para sistemas sustentáveis de energia elétrica, levando em consideração a inflação anual média de 12% do setor, as empresas poderão economizar aproximadamente R$ 200 mil em dez anos e R$ 700 mil em 25 anos com a redução da fatura de energia.
Fonte: A Tarde