Condenação, habeas corpus e jornalismo de ocasião – Maurílio Fontes
A condenação do ex-prefeito Paulo Cezar a dois anos e seis meses de prisão é fato relevante e mais um obstáculo às suas pretensões de voltar ao Paço Municipal.
Dos condenados, sem dúvida, é o que perde mais, pois além dos aspectos inerentes à sentença, estão embutidos nela questões políticas capazes de dificultar ainda mais a sua tentativa de lograr a vitória em 6 de outubro de 2024.
O site News Infoco cumpriu seu papel jornalístico ao publicar a informação sobre a sentença. Não há dúvida quanto a isso.
Desculpas cândidas já não cabem.
Ou Paulo Cezar enfrenta a realidade – a condenação, não definitiva, ainda passível de recurso – ou será engolfado pelas circunstâncias de hoje e de amanhã, como um fantasma a complicar os sonhos de uma desejada redenção eleitoral, após derrotas sucessivas que enfraqueceram paulatinamente o capital político que detinha.
De nada adiantará a tentativa de se esquivar do problema, transferindo para outros a responsabilidade do emaranhado de interesses não republicanos que resultou no desvio de milhões de reais dos cofres públicos.
Não me oponho aos fatos e nem sou um espadachim disposto a duelar contra a verdade limpa e cristalina.
Mas acrescento aquilo que já havia registrado em artigo publicado neste site: ao levar João Rabelo para o centro nevrálgico do governo, a administração do atual prefeito, simbolicamente, se misturou com os fatos que ensejaram a recente condenação do ex-prefeito.
E uma informação exclusiva: o habeas corpus que trancava a sequência da ação contra João Rabelo em processo sobre desvios de recursos públicos “caiu” (se não é o termo correto, peço as devidas vênias aos leitores, pois aqui importa menos a qualidade da construção frasal e mais o que ela informa).
Homem de confiança de Paulo Cezar e também de Joaquim Neto (reparem a contradição), João Rabelo é réu em processo junto com Paulo Cezar/outros, cuja sentença deverá ser a condenação.
Se condenado, João Rabelo permanecerá na Secretaria de Governo?
Infelizmente, o atual prefeito não tem a estatura do ex-presidente Itamar Franco e nem João Rabelo a grandeza do ex-ministro da Casa Civil Henrique Hargreaves.
Ocasião
A pré-campanha em curso atiça ódios e estabelece confrontos de baixíssimos níveis, inaceitáveis em um ambiente que deveria ser mais asséptico, com confrontos de ideias e não baseado em ofensas e elucubrações de naturezas diversas.
É o futuro da cidade que está em jogo e todos somos responsáveis pela construção do porvir, que não esteja estruturado em interesses ocasionais e sim no melhor para a sociedade, que no dia 6 de outubro de 2024 escolherá soberanamente o prefeito que governará o município de 1º de janeiro de 2025 a 31 de dezembro de 2028.
Daqueles que estão vociferando nas redes sociais, dado o histórico pretérito, não podemos esperar nada que não seja o que têm a nos (des) oferecer.
Viveremos mais uma eleição em que o baixo calão será o “ator principal”.
Mas ao jornalismo não é dado o direito de ser de ocasião.