Comissão da Verdade é prorrogada por sete meses
Atendendo a um pedido da Comissão Nacional da Verdade, o governo federal prorrogou por mais sete meses os trabalhos do colegiado, que agora terá até o dia 16 de dezembro de 2014 para apresentar o relatório final.
Mesmo com o novo prazo, definido em medida provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff e publicada nesta quinta-feira (26) no “Diário Oficial da União”, integrantes da comissão manifestam nos bastidores descrença de que o grupo consiga detalhar todas as violações aos direitos humanos cometidas durante o regime militar (1964-1985). A Comissão tomou posse em maio de 2012, com prazo de dois anos de trabalho.
Uma das integrantes do colegiado, a advogada Rosa Cardoso afirmou que o mais importante da prorrogação é permitir que os comissionados tenham tempo de receber e organizar as informações de Estados e municípios e das comissões universitárias. Segundo ela, o relatório final focará em “mortes, ocultação de cadáveres e tortura”.
Hoje, são mais de cem comissões espalhadas pelo país e, na avaliação de Rosa, não seria possível ouvi-las ou incluir informações no relatório da Comissão Nacional da Verdade caso maio permanecesse como data final.
SEM NOVIDADES
Até o momento a Comissão da Verdade não revelou nenhuma novidade de peso sobre o período. Entre as expectativas iniciais estava, por exemplo, que o grupo atualizasse o número de mortos e desaparecidos na ditadura.
Segundo o atual coordenador do colegiado, Pedro Dallari, o relatório já estava sendo produzido quando eles receberam a notícia da prorrogação. “Estávamos preparando o relatório e a novidade nos dará um tempo maior para aprofundarmos algumas investigações”, disse.
De acordo com Dallari, a Comissão da Verdade vai trazer “informações adicionais” sobre diversos casos de tortura, mortes e ocultação de cadáveres ocorridos durante a ditadura militar, mas admitiu que o colegiado dificilmente conseguirá desvendar todas as violações.
“Assim como aconteceu em outros países, o trabalho final da comissão será uma base para a continuidade das investigações nos próximos anos. O trabalho de tentar esclarecer o que aconteceu no passado não se esgota na comissão.”
Fonte: Folha de São Paulo