CARTA ABERTA AOS MUNÍCIPES DE ARAÇÁS

Educar é um ato contínuo e dialógico que transforma todos os envolvidos. O educador aprende ensinando enquanto o educando ensina aprendendo. Educar leva-nos ao entendimento de nossos papéis sociais, lugares de fala e poder, nos faz sujeitos ativos que desafiam o mundo que nos cerca.

Há oito anos, Araçás tem um quadro de efetivos da educação, e neste já longo período houve quase nenhum avanço no sentido de um PROJETO DE EDUCAÇÃO para este município. Uma cidade com enorme potencial ambiental, social e econômico está aquém do que pode oferecer à sua juventude. A tríade perspectiva da educação “qualificação do trabalho – investimento estrutural e socioeconômico – dedicação profissional” são palavras ao vento quando não há planejamento participativo e projetos de intervenção concretos. Tanto tempo de incerteza cria um desencanto reduzindo o ambicioso ato de educar levando a docência ao mero ato de instruir. Em tantos anos a categoria buscou formas de tornar-se disponível na elevação dos índices escolares, sejam individualmente, realizando projetos e qualificando-se stricto e lato sensu e coletivamente, propondo e exigindo direitos e garantias legais de reconhecimento, valorização profissional pelo poder público e defesa dos princípios de gestão democrática.

A reflexão diante deste contexto é um exercício que cada colega precisa fazer “qual papel cada um se presta para manter ou transformar esta realidade?”. Não há planos de cargos e salários, as representações docentes nos conselhos não são amparadas pela categoria, o sindicato ainda não conseguiu respaldo legal, arbitrariedade administrativa em processos docentes etc. Estas disparidades impedem os servidores de terem voz e vez na gestão escolar municipal, fato elementar e sine qua non para vislumbrar uma elevação dos índices educativos.

Algumas propostas foram encaminhadas ao poder público, além de uma verdadeira agenda de criticas e problemas vividos pela categoria estão sendo debatidos pela comissão do sindicato, que luta para ser reconhecida legalmente pela prefeitura,  porém, sem apoio em massa dos servidores, não há esforço do poder público para dialogar e apontar respostas. A nossa força sindical ainda é embrionária e é crucial a participação para garantir uma representação combatente e fiel aos interesses da categoria.

Esta breve conjuntura enseja-se num convite a ousadia inerente a todo educador, uma ode à ambição transformadora para que juntos possamos legitimar a categoria docente e constituir-se, pela primeira vez, enquanto entidade a ser ouvida e requerida pelo poder público no diálogo sobre como valorizar o ato de educar e o cuidado com os educandos.

“Povo unido é povo forte,não teme a luta, não teme a morte, a luta é minha, também é sua, venha pra cá, que a luta continua”.

APLB ARAÇÁS 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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