Campos vai priorizar segurança pública na campanha a presidente
O governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) vai propor uma estratégia nacional de combate aos homicídios ao longo da campanha presidencial. A redução da criminalidade urbana será prioridade absoluta em um eventual governo socialista. É dessa maneira que Campos pretende enfrentar a candidatura da presidente Dilma Rousseff e se diferenciar dos demais candidatos. Desde 1985, quando os civis passaram a se revezar na Presidência do Brasil, nenhum dos seis titulares assumiu a pauta da criminalidade urbana como prioridade. O cálculo político costuma ser o seguinte: a segurança é um assunto espinhoso, só lembrado pela população em períodos de crise. Para evitar prejuízos eleitorais, o tema acaba sendo delegado para os governadores, restando aos presidentes agirem pontualmente em períodos críticos.
Depois de amanhã, na quinta-feira, em Recife, Campos vai comandar pela última vez uma reunião do Comitê Gestor do Pacto pela Vida, iniciativa que introduziu no Estado em 2008 e que é apontada como um dos principais fatores na redução dos homicídios em Pernambuco. O governador avalia que os resultados da queda dos homicídios poderá mostrar para os eleitores sua capacidade de bom líder e gestor. Se a Constituição estabelece que o assunto é responsabilidade dos Estados, faz tempo que os especialistas cobram dos políticos nacionais um papel de protagonismo para lidar com o assunto. O presidente Lula ensaiou em 2003 com criação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), mas logo desistiu do projeto ao perceber que assumiria um ônus desnecessário. E abandonou a ideia.
Campos vai usar os dados da queda de assassinatos em Pernambuco como seu maior trunfo. Desde que assumiu o Governo, ele passou a se envolver pessoalmente com o tema, comandando mensalmente as reuniões do Pacto pela Vida, que ocorria semanalmente na Secretaria de Planejamento do Estado. Recife, em 2006, era a capital mais violenta do País. A redução da taxa de homicídios começou a ocorrer em 2007 e, no ano passado, chegou a 29 homicídios por 100 mil habitantes, semelhantes à de 1981. A redução na capital acumula 66% em sete anos, enquanto no Estado chegou a 39%. A queda mais acentuada ocorreu em Recife justamente no ano passado, quando os homicídios diminuíram 24% em relação ao ano anterior. A capital pernambucana ficou 140 dias sem assassinatos.
Algumas medidas são apontadas pela equipe como as mais relevantes. Pernambuco, por exemplo, foi dividido em 26 áreas assumidas conjuntamente por policiais militares e civis, o que estimulou a parceria entre as corporações. A medida foi semelhante à tomada em São Paulo em 1999. Nas reuniões semanais do Pacto pela Vida, esses policiais eram cobrados pelo cumprimento das metas e pelas soluções dos assassinatos em uma sala com mais de 50 pessoas, com a presença mensal do Governador. Os policiais das áreas campeãs de redução de homicídios passaram a receber bônus que podiam dobrar os salários.
Fonte: Política Livre