Brasil terá de conviver com câmbio mais fraco, afirma diretor do BC
O Brasil terá de conviver com uma taxa de câmbio mais fraca se a recente desvalorização do real em relação ao dólar estiver em linha com outras moedas, afirmou, nesta terça-feira (4), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes.
Mendes, que está em Londres participando de um evento, disse a jornalistas que a depreciação do real está em linha com outras moedas e, por isso, “não há nada que podemos fazer”.
O diretor afirmou ainda que, enquanto o real estiver caminhando (em linha) com todas as outras moedas num movimento global, trata-se de um cenário normal.
“Temos de conviver com isso”, disse ele, acrescentando não tem com o que se preocupar caso os recursos estiverem se deslocando para os Estados Unidos e em busca do dólar.
“Se há percepção de que há um movimento estrutural, é inevitável que haverá valorização do dólar e desvalorização das moedas, não apenas o real”, afirmou ele.
Os comentários do diretor causaram reação no mercado de câmbio, com o dólar anulando a queda e passando a subir, atingindo, na máxima, R$ 2,1385 na venda. Às 12h30, a divisa tinha alta de 0,39%, cotado a R$ 2,1354 na venda.
A moeda norte-americana iniciou o processo mais significativo de valorização na semana passada, quando ultrapassou a barreira dos R$ 2,10, após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que o dólar não é usado para combater a inflação.
Na sexta-feira, o BC, no entanto, fez intervenção no mercado de câmbio para reduzir a alta do dólar ante o real, que acumulou em maio 7%.
Apesar da valorização do dólar ser uma tendência internacional, economistas têm alertado para a possibilidade desse movimento ser inflacionário no Brasil, num momento em que a alta dos preços mantêm-se próxima do teto da meta do governo, de 6,5% pelo IPCA.
Justamente para combater a inflação, o BC surpreendeu o mercado e elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano.
Uma fonte do governo disse à Reuters na semana passada que a alta da Selic tenderia a mitigar a alta do dólar ante o real.
Fonte: Folha de São Paulo