Brasil demonstra seus acertos na prática, rebate governo ao FMI
Responsável pela manobras fiscais que afetaram a credibilidade da política fiscal, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, reagiu às críticas do FMI afirmando que “os fundamentos do país são demonstrados na prática”.
Sem citar o Fundo, Arno disse ainda que, às vezes, “opiniões que a gente respeita” não correspondem à realidade. Ele destacou como um sinal dos bons fundamentos do país o interesse dos investidores na operação de lançamento de títulos do governo no mercado externo, ontem.
“É indiscutível que o Brasil tem suportado crises internacionais relevantes em condições melhores do que no passado. Analisamos os fundamentos do Brasil e achamos que a situação é muito positiva”, emendou.
Internamente, porém, o governo faz um mea culpa em relação à política fiscal. Segundo a Folha apurou, a interpretação do relatório foi que ele retrata um debate que ganhou força no Brasil no início deste ano e que será preciso persistir no trabalho de esclarecimento do ocorrido, enfatizando que nenhuma medida adotada foi ilegal.
“Se conseguirmos explicar que os ajustes estão vinculados à maneira como a Lei de Responsabilidade Fiscal estava desenhada, as pessoas vão entender”, disse um interlocutor do governo.
SEM ATRASO
O governo rebate as afirmações de que teria atrasado a divulgação do estudo sobre a economia brasileira. Segundo técnicos da equipe econômica, o relatório seguiu os trâmites normais do FMI, aplicados a outros países. Pelas regras, após elaboração técnica, o documento é encaminhado para análise dos países e da direção do Fundo e os governos podem se manifestar e apontar erros.
Em visita a Washington, o secretário de Política Econômica, Marcio Holland, rebateu críticas do relatório, dizendo que o ajuste de uma economia mais dependente do consumo que do investimento aconteceu antes do que diz o FMI.
De acordo com Holland, com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em 2007, o país passou a investir mais, “depois de décadas sem investimentos em infraestrutura”.
Sobre as pressões inflacionárias recentes, Holland disse que o relatório dá pouca ênfase ao choque de preços dos alimentos do ano passado, com as secas no Brasil e nos EUA. “Agora temos alimentos até em deflação”, diz.
Fonte: Folha de São Paulo