Baianas de acarajé reforçam luta pelo fim da violência contra a mulher
Responsáveis por manter a tradição afrobrasileira através da vestimenta que faz referência aos orixás, e principalmente pela venda de deliciosos quitutes, as baianas de acarajé são consideradas patrimônio da humanidade, desde 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O dia 25 de novembro foi escolhido para celebrar a importância econômica e cultural dessas profissionais. A data festiva coincide com o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher e marca o início da Campanha Mundial 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.
Um ato promovido pelo Governo do Estado, nesta quarta-feira (25), reuniu centenas de pessoas na Igreja do Rosário dos Pretos, que depois seguiram em caminhada até a Praça da Cruz Caída, onde está localizado o Memorial das Baianas. Além de filhos e filhas de santo, lideranças da Igreja Católica, participaram as titulares das secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM), Olívia Santana, e de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Vera Lúcia Barbosa.
“Fizemos este pacto com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé e Mingaus (Abam) para [tornar] o Dia da Baiana de Acarajé também um dia de luta pelo fim da violência contra a mulher. Teremos uma série de atividades no sentido de garantir que a população se levante em prol desta causa. É preciso desenvolver políticas públicas, mas também ter mudança de mentalidade”, disse a titular da SPM.
Capacitação
A maioria das baianas de acarajé são negras. Por isso, a Sepromi desenvolve políticas públicas que contemplam esse grupo social. “São mulheres guerreiras que mantêm um oficio que é tradição no nosso estado. Ano passado, o Governo do Estado instituiu a lei do empreendedorismo para negros e negras”, afirmou a secretária de Promoção da Igualdade Racial.
Ela citou também a capacitação realizada em parceria com o Serviço Nacional do Comércio (Senac). “Isso tem tudo a ver com a missa realizada hoje em homenagem a elas, casando tudo isso com o Mês da Consciência Negra”.
Representando a diretoria da Abam, Solange Maria observou que, além de ser uma importante fonte de renda para milhares de mulheres, a produção de acarajé está associada à religião. “Uma baiana de acarajé não é só [para] ficar bonita. Começa o dia pela manhã [preparando os ingredientes] e à tarde [vendendo] no tabuleiro, toda bonita”.
Para Solange, “é preciso ter consciência [de] que muitas baianas trazem [a vocação] dos terreiros. Elas vão para o terreiro, onde são escolhidas, e o santo determina este caminho. Então elas vão fazer acarajé para sobreviver e pagar as obrigações [religiosas]. [É] uma determinação do orixá”.
Fonte: Secretaria de Comunicação – Governo da Bahia – Foto: Elói Corrêa/GOVBA