Bahia tem o boi mais caro do Brasil

Açougue

Com reajustes ocorridos em agosto de 2015 e em janeiro, antes e logo após o Carnaval, o valor do boi gordo, junto aos pecuaristas e da arrouba, junto nos frigoríficos, gerou impacto significativo junto aos consumidores, conforme revelaram, ontem, proprietários de açougues em Salvador.

O percentual de aumento foi superior a 40% em um período de seis meses. De acordo com o presidente do Sincar-Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados da Bahia, Julio César Farias, nesse momento “o boi mais caro do Brasil está na Bahia, em torno de R$ 170 a R$ 175 a arrouba.

Ele avaliou que “a tendência é de queda nos preços, em cerca dos 10%, a partir de março, também por influência do período da Quaresma, quando tradicionalmente ocorre maior redução no consumo de carne vermelha”.

Farias mencionou outras praças, como São Paulo, Pará e Mato Grosso do Sul, onde o reajuste praticado foi de apenas 5%. Segundo ele, vários fatores motivam os aumentos, o custo maior pago pela arroba do boi gordo nos frigoríficos, os aumentos nos preços da energia elétrica, nos combustíveis, juros mais altos, assim como a alta do dólar, dada a cotação internacional da carne, entre outros fatores como a seca, por exemplo”.

O certo é que o preço mais alto da carne bovina fez o consumidor mudar o cardápio.  Ele revelou que, “em decorrência da seca e por conta da chuva em janeiro, os criadores passaram a reter o gado para engorda, reduzindo a oferta para o abate”. Segundo o dirigente sindical, enquanto a arrouba subiu 25%, na aquisição para o abate junto aos fazendeiros, o preço das carnes de primeira, no varejo, passou a girar em torno dos R$ 22 a R$ 24, exceto nos supermercados onde o preço praticado é de R$ 25 a R$ 30 o kg.

Farias apontou, também, a “redução do rebanho bovino no estado, nos últimos quatro anos, pela venda de muitas matrizes, como reflexo da seca que afetou a Bahia desde 2011”. Mencionou, inclusive que, “atualmente não há boi na caatinga. As maiores procedências são de Barreiras, no Oeste, e do Extremo Sul”.

Ele informou que “os frigoríficos têm operado com 30% da capacidade, mesmo percentual que corresponde à queda nas vendas” e estipulou que, “se esta situação não for revertida poderemos ter desemprego no setor”. O frete do boi gordo, pago pelos pecuaristas, é de R$ 8 a R$ 10, por arrouba.

Mesmo com algumas redes de açougues segurando o repasse de aumentos no varejo, o certo é que tem havido redução no consumo do produto e crescente opção por outras proteínas como as carnes de frango e de porco. Nos açougues, há unanimidade em apontar a “queda na venda de carne”.

Um representante da rede Menininho, com quatro filiais na cidade, confirmou que “não só tem ocorrido aumento no preço da arrouba quanto dificuldade em adquirir o boi gordo dos criadores”. O entendimento segue na mesma linha do presidente do Sincar dele é o de que “com base na lei da oferta e da procura é possível presumir que, com diminuição nas vendas, a tendência seja a de que ocorra uma redução no preço para os consumidores”.

Açougueiros confirmam reajuste na arrouba e queda nas vendas

Na Casa de Carnes Santa Rita, no Mercado das Sete Portas, Antonio Oliveira disse que “há menos de um mês houve reajuste na arrouba adquirida junto ao Frigorífico Raposo, instalado na área do Centro Industrial de Aratu, de R$ 150 para R$ 170. Ele garantiu ser inevitável repassar o aumento para o consumidor.

A carne de primeira (filet mignon, filé especial, alcatra, patinho, chã de dentro, chã de fora), após o Carnaval, passou de R$ 20 para R$ 23,50 e a de segunda (cruz machado, ponta de agulha, músculo, capote fraldinha, entre outras), de R$ 13 para R$ 14,50.

Oliveira mencionou a queda nas vendas considerando que o reajuste “não deixou de provocar impacto junto aos consumidores”. Ele disse que o açougue costumava vender, em média, de seis a sete bois (de 15 a 18 arroubas) por semana.

Outro açougue, também nas Sete Portas, conforme o vendedor Almir, oferecia, ontem, as carnes de primeira a R$ 24 e as de segunda, a R$ 15, sem osso. Ele disse que costumam vender cerca de dois bois por semana, à média de 500 kg cada boi.

O consumidor André Luiz que costuma comprar mais carne de frango, a R$ 9,80 o Kg e das melhores marcas do mercado, afirmou ter passado a consumir menos carne, seja pelo preço, seja pelo prazer de preferir a carne de frango. De todo modo, adquiria para a família da filha 6 kg de alcatra, 1 kg de maminha e outro de picanha.

Um terceiro açougue pesquisado, o Pai & Fiolho, praticava preços mais em conta para as carnes de primeira a R$ 22, com o chã de fora, a R$ 21, mas mantendo o preço das de segunda a R$ 15, exceto cruz machado a R$ 15,50.Conforme o gerente Edivaldo Santos, “com essa crise aí o consumo caiu e nós que comercializávamos de três a quatro bois semanalmente, estamos deixando de vender pelo menos um boi por semana”.

Segundo ele, quem consumia 2 kg passou a comprar apenas 1 kg. Em geral, percebemos uma redução de 50% nas vendas”. Ele disse presumir que a carne adquirida procedesse de praças como Iramaia, Itapetiuga e Feira de Santana. “Mas, ultimamente, temos vendido mais fato e mocotó de boi”, revelou.

O consumidor José Antonio de Jesus afirmou que “embora goste muito da carne bovina tenho preferido comprar fígado e carne de porco por conta do preço”. O casal Roberto Luiz e Edna Maria afirmou que “Diminuímos a carne de boi e passamos a comprar mais as carnes de frango e porco”.

Fonte: tb

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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