Bahia pode ter perda de R$21 bi com Operação Lava Jato

A Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga os desvios na Petrobras, deve trazer perdas significativas para a economia baiana. Essa perspectiva é apontada por especialistas, após a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ter apresentado um estudo técnico que aponta o cenário da Bahia como o sexto a ser o mais atingido, com prejuízos que podem alcançar a cifra de R$ 21,3 bilhões. As paralisações em grandes obras, como o Estaleiro Paraguaçu, em Maragogipe, no Recôncavo Baiano, e a Ferrovia Oeste-Leste, são algumas das consequências diretas para os negócios do estado. No estudo, o Rio de Janeiro pode ter perdas de até 105,8 bilhões, seguido por São Paulo, com R$ 78,2 bilhões, Pernambuco, com R$ 73,5 bilhões, Pará, com R$ 34,2 bilhões, e Rondônia, com prejuízos estimados em R$ 28 bilhões.

O presidente do Conselho Federal de Economia, Paulo Dantas da Costa, frisou a repercussão ‘imediata” na Bahia das irregularidades apuradas, que trouxeram como consequência o encerramento de algumas atividades. “São efeitos grandes, a exemplo do Estaleiro, que é um projeto de dimensão extraordinária e que está praticamente paralisado”, afirmou. O economista lembrou que os problemas gerados pelas investigações na estatal e nas demais empresas contratadas agravam ainda mais a situação da economia que já se apresentava negativa. “No final do ano passado, eu já destacava o PIB baixo e que os investimentos foram muito aquém do esperado.

Para recuperar o PIB seriam necessários 26% a 27% de investimento. Diante disso, a tendência é que atrase ainda mais a capacidade de recuperação. Se não há investimentos públicos e privados, aumenta-se o desemprego, e a realidade afeta diretamente o crescimento” da economia, destacou. Segundo Dantas, o ano tende a ser muito difícil com os ajustes dos preços e os complicadores nas contas públicas. “Se não estão alinhadas, comprometem a possibilidade de o estado investir”. O dirigente da entidade fez uma análise também sobre as medidas “tardias” adotadas pelo governo federal na seara da economia. “No ano passado foi feito algo que a economia não perdoa, que foi o retardamento dos ajustes nos combustíveis e na energia elétrica. Esses aumentos vieram agora por causa da inflação”, afirmou, citando o quanto as intervenções por cadeia devem aumentar os preços dos alimentos e demais produtos.

O ex-secretário da Fazenda de Salvador, Antonio Ribeiro, responsabilizou o alto grau de corrupção no país. “A cartelização formada por essas doze empresas é um dos exemplos mais perversos da corrupção, que tem afetado de forma grave a economia”, disparou. Ele criticou o que considerou um aumento dos atos corruptíveis no atual governo. “Sempre houve uma corrupção histórica muito dispersa e individual que trouxe perdas para o setor público e que se caracterizou por pequenos focos de corrupção. O problema é que eles foram incorporados ao centro do Poder, o que significa a existência de uma corrupção sistêmica de alta frequência que envolve imensos valores financeiros, sendo comandada pelos partidos políticos e que pode levar à ruína a Petrobras e as demais empresas envolvidas”, condenou. Segundo ele, a tendência é de mais dificuldades, com perdas significativas e aumento do desemprego na Bahia e em todos os estados.

Os dados da Federação mostraram que em todo o país, existem 109 obras de infraestrutura, duas unidades de refino (Abreu e Lima, em Pernambuco, e Comperj, no Rio), duas plantas de fertilizantes em 18 estaleiros ameaçados de paralisação com impactos em torno de R$ 423,8 bilhões para a economia brasileira. Diante de tal cenário, o administrador e professor de finanças disse que os efeitos decorrentes do descontrole da dívida interna devem aumentar o Risco Brasil. “Há uma insegurança financeira gravíssima no país, que traz a desconfiança dos investidores”, avaliou. O quadro analisado é de que a “rolagem da dívida” que nunca é quitada torna-se ainda mais difícil de ser resolvida com os atuais escândalos.

Fonte: Tribuna da Bahia

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo