Aprenda a fazer leite de castanhas e nunca mais compre pronto – Ricardo Ampudia

Quando o boom do vegetarianismo chegou ao Brasil, no começo dos anos 2000, os leites vegetais à base de soja pipocaram nas prateleiras do supermercado. Tão prático como qualquer leite em caixinha, apareciam tanto na versão “natural” –na verdade, saborizados com aroma artificial de baunilha– até em sucos de frutas, achocolatado e etc. A indústria exagerou, em algum momento parecia que o mundo ia acabar em soja. O fato é que a moda da soja, no Brasil e lá fora, não durou muito pelo pecado do excesso.

Apesar de ser rica em proteínas, a soja não tem a melhor digestibilidade do mundo vegetal e o gosto é bastante marcante, seja o da própria soja, seja o do aromatizante de baunilha usado para disfarçar o gosto da soja. Isso dificulta seu uso em receitas.

A nova onda depois da soja foi o arroz. Marcas importadas chegaram ao país com um valor quase três vezes maior do que os derivados de soja. Apareceram também versões em creme, para a alegria dos cozinheiros. Não fez o mesmo sucesso, talvez pelo preço.

Em seguida, uma nova onda começou nos Estados Unidos, bateu na Europa e chegou aqui: o leite de castanhas.

O leite de amêndoas é onipresente nas prateleiras veganas dos EUA, lá também são bem populares o leite de avelã (com um gosto bem marcado) e o leite de sementes de cânhamo, adoradas pelos atletas veganos.

No Brasil, essa novidade chega com uma vantagem imensa: somos um dos maiores produtores de caju no mundo. É justamente a castanha que “dá” o melhor leite. O leite da noz de caju tem um sabor suave, pouco marcante e tem uma consistência bem parecida com a do leite da pobre vaca.

Já tem marca brasileira fazendo o leite em caixinha. Mas a receita é tão simples e rápida, que você precisa ser muito preguiçoso para recorrer aos prontos.

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Coloque meio copo de castanha-de-caju (ou amêndoas) –vale dizer: sem sal– de molho em um copo d’água e deixe descansar da noite para o dia (umas seis horas, não passe de 12).

Escorra e descarte essa água.

Bata com 200ml de água. Você pode variar a proporção, usando mais castanha e menos água para um leite mais grosso.

Segredinho: utilize água quente e adicione uma colher de aveia em flocos ou uma colher pequena de linhaça na hora de bater. O amido da aveia ou o óleo da linhaça vão adicionar uma consistência mais interessante.

Coe em uma peneira fina ou pano.

O resíduo de castanha triturada fica uma delicia misturada em bolinhos de arroz frito. Eu também gosto de refogar com cebola e tomate, feito um purê.

Pronto, agora você pode tomar seu leitinho de manhã sem ficar pobre.

 

Fonte: Folha de São Paulo – Foto: Janduari Simies/FolhaPress

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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