Ampliação do Canal do Panamá é oportunidade para empresas brasileiras
Embora o Brasil já esteja bem posicionado na área de obras públicas no Panamá, com a ampliação do canal, que ficará pronta em um ano, há um espaço a ser ocupado por empresas brasileiras, a exemplo de companhias de países desenvolvidos.
Brasil, Espanha e Itália são hoje os responsáveis pelos principais contratos do governo panamenho.
Enquanto os espanhóis e os italianos detêm a expansão do Canal, o Brasil (leia-se Odebrecht) venceu licitações de hidrelétricas, estradas, aeroporto, urbanização da via costeira da capital, entre outras obras.
Países desenvolvidos, por sua vez, como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, além de Coreia, China e Cingapura, se concentraram nas áreas de logística, portos, zonas francas e serviços ligados a transportes marítimos.
Colombianos, venezuelanos e panamenhos predominam na construção privada.
Grande parte dos prédios novos e altíssimos na Cidade do Panamá são investimentos de grupos venezuelanos, além de colombianos.
As construtoras que erguem os edifícios residenciais e corporativos são, em geral, da Colômbia e do próprio Panamá. Venezuelanos e colombianos estão também muito concentrados no setor de bancos.
O Panamá é o segundo mercado financeiro da América Latina, atrás de São Paulo e antes do México, com cerca de US$ 100 bilhões em ativos. Está em lista de paraíso fiscal em vários países, como o Brasil.
A ampliação do canal permitirá a circulação de navios maiores, o que mais do que triplicará o volume local com a passagem de embarcações com até 13 mil containers de 20 pés –hoje passam só os de cerca de 3.400 containers.
Com a expansão, estima-se que em dez ou 15 anos, 10% do comércio mundial passarão pelo Canal.
Companhias estrangeiras têm se posicionado no país atentas a esse potencial.
Uma oportunidade para empresas brasileiras seria fazer a consolidação da carga de exportação de minérios e grãos para navios maiores no Panamá, afirma o embaixador do Brasil no Panamá, Adalnio Senna Ganem.
“Em vez de usar serviços de uma empresa estrangeira, se investirmos aqui, dominaríamos a logística da exportação de nossos produtos”, disse à coluna durante a Cúpula das Américas.
É o que fazem os chineses que têm a logística completa. Há portos privados, abertos a estrangeiros.
Ganem vê ainda oportunidades na finalização de produtos para aproveitar acordos de livre comércio que o Panamá tem com quase todos os países do mundo. Em geral, esses pactos exigem integração local de cerca de 25%.
“Uma terceira possibilidade é a distribuição de produtos brasileiros pelo país para rapidamente chegarem a outros mercados. Podem ser artigos de confecção e outros que sejam competitivos para exportação.”
Fonte: Folha de São Paulo