Alto crescimento ocorre entre 1% de empresas do País

Estudo da Endeavor, organização global que apoia empreendedores, aponta que 1% das empresas existentes no País são responsáveis por gerar quase 60% dos novos postos de trabalho ao ano. A pesquisa também identificou que 92% dessas empresas são pequenas e médias.

Os dados fazem parte do estudo ‘Escale-ups no Brasil’, que traçou o perfil das empresas de alto crescimento. “A expressão scale-up é bastante difundida fora do Brasil. Sua definição foi feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, diz o gerente de pesquisa e mobilização da Endeavor, João Melhado, que liderou o estudo.

Conforme a OCDE, para ser uma empresa de alto crescimento é preciso crescer pelo menos 20% ao ano por três anos consecutivos em número de funcionários ou em faturamento, e ter pelo menos dez funcionários no primeiro ano de atividade.

Melhado diz que por mais que o Brasil tenha apenas 33 mil empresas com esse perfil, elas geram um grande impacto pois, enquanto uma escale-up contrata 31,3 funcionários por ano, a média do restante dos negócios é de apenas 0,34 funcionário. “Imagine o impacto que seria gerado na economia se tivéssemos 100 mil empresas de alto crescimento no Brasil.”

Segundo ele, o foco da Endeavor sempre esteve voltado às empresas que estão crescendo. “Agora, com esse resultado, teremos mais propriedade para falarmos sobre o assunto e ajudarmos a transformar as empresas para que cada vez mais elas possam crescer.” Para download do estudo acesse o endereço: info.endeavor.org.br/scale-ups .

Entre as scale-ups nacionais está a Uatt?, fundada por Rafael Biasotto, em 2002. “O negócio começou no fundo do quintal da casa de minha mãe e hoje ocupa um espaço com mais de sete mil m². Entre funcionários diretos e indiretos, empregamos 220 pessoas. Mas se olharmos para lojistas e seus funcionários, são cerca de seis mil pessoas que dependem da marca.”

A linha de objetos de decoração e de presentes da Uatt? marca presença em dez países e é comercializada em lojas multimarcas, franquias e por distribuidores. “Por muito tempo, crescemos 75% ao ano. Nos últimos anos, temos crescido entre 12% e 20%”, diz Biasotto.

A Tecverde, fundada por três jovens engenheiros em 2009, foi criada com o objetivo de inovar tanto o produto quanto o processo de construção. O negócio que também engrossa a lista de escale-ups começou com seis pessoas e atualmente emprega 100 funcionários.

“Durante a faculdade, nos deparamos com o fato de que os problemas que envolvem a construção civil já existiam há mais de cem anos. Meu pai e o pai de um dos sócios tinham construtora e crescemos no canteiro de obras. Desde cedo vislumbramos os desafios da área como mão de obra, excesso de resíduos, desperdício e uma ineficiência gigantesca”, conta Caio Bonatto.

Eles tinham duas opções: conviver com esses problemas no exercício da profissão ou usá-los como oportunidade de negócio. Escolheram o segundo caminho e criaram uma empresa para tornar o segmento uniformizado e sustentável. “Hoje, construímos casas em fábrica, da mesma forma que uma montadora monta um carro.”

Bonatto conta que as paredes, lajes e coberturas são produzidas de acordo com cada projeto. “Começamos vendendo para o público de alta renda para posicionar a empresa como fornecedora de produto de qualidade. Em seguida, homologamos a tecnologia no Ministério das Cidades e passamos a atuar nos programas do Minha Casa Minha Vida.”
Ele afirma que fornece casas de qualidade para o público de baixa renda com o dobro de conforto térmico e acústico, e em uma velocidade muito maior do que a de uma casa convencional. “Montamos uma casa em três horas”, diz. O jovem conta que sua primeira indústria tinha capacidade de produzir 12 casas por ano. “Agora, a nova unidade pode construir três mil casas por ano.”

Em relação a sustentabilidade, a Tecverde reduz em 80% as emissões de CO2 e em 85% a geração de resíduos. “Nosso próximo passo em termos de produto é homologar a construção de prédio”, afirma.

Outro negócio que tem tido crescimento exponencial é o Complexo de Ensino Renato Saraiva (CERS), fundado em 2009. Renato Saraiva era membro do Ministério Público e também dava aula em curso preparatório para concurso, até resolver montar o próprio curso.

“Era para ser um curso presencial e via satélite para as faculdades, voltado ao exame da Ordem dos Advogados. Depois de sete meses, resolvi migrar para o online, foi quando o negócio decolou”, conta Saraiva.

O empresário diz que terminou 2009 faturando R$ 1 milhão e em 2010 o faturamento pulou para R$ 10 milhões. “Terminamos 2014 com faturamento de R$ 62 milhões, 180 funcionários e 27 estúdios espalhados pelo Brasil.”

Hoje, a empresa grava cerca de 500 cursos por ano e atende 100 mil alunos. Para cada concurso e a cada prova da OAB, novo conteúdo é criado para que os alunos tenham acesso a questões atualizadas. “Nosso diferencial é oferecer conteúdo de qualidade e atualizado. Temos professores de todo o Brasil. São juízes, procuradores, advogados e professores.”

Fonte: O Estado de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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