Aliança impossível – Maurílio Fontes

ALIANÇA POLÍTICA

As quatro principais pré-candidaturas à Prefeitura de Alagoinhas estão definidas e o cenário político-eleitoral indica que elas deverão ser mantidas, apesar das naturais especulações.

A partir da última sexta-feira (6), quando, finalmente, depois de um bailado previsível, o deputado estadual Joseildo Ramos (PT) se colocou no páreo, apesar de suas dificuldades de agregação de siglas partidárias, o quadro está completo.

Os outros pré-candidatos – Sônia Fontes (PSB), Joaquim Neto (DEM) e Radiovaldo Costa (Rede) -, são os mais competitivos, formando com Ramos o cardápio a ser oferecido aos eleitores.

Francos atiradores, os postulantes do PSDB, PV, PTN, PSOL. PSTU e PSC são meros atores secundários neste jogo bruto no qual se transformou a eleição de Alagoinhas.

De pronto, sem nenhum exercício de futurologia, suposto “dom” da vidente Madame Beatriz, famosa em Salvador nos anos 80, não é temerário afirmar que a aliança PT/Rede não se concretizará em Alagoinhas, por ser impossível, em função da diáspora entre o pré-candidato majoritário da Rede e seu ex-partido. 

O vereador Radiovaldo Costa sabe que não poderá dar um passo atrás, apesar das dificuldades estruturais que terá para seguir em frente e encarar as máquinas da Prefeitura de Alagoinhas, do Governo do Estado e do DEM.

Qualquer opção que não seja a de levar seu nome às urnas eletrônicas no dia 2 de outubro, sem qualquer dúvida, parecerá negociação espúria, traição àqueles que o acompanharam na saída do PT e aos simpatizantes de sua pré-candidatura.

Portanto, não tem como prosperar a fantasia gestada pelo PT de Alagoinhas, que na prática acha possível uma aliança com o marinista. Na última sexta-feira, o deputado Joseildo Ramos só não direcionou sua artilharia para Radiovaldo, a quem chamou de “companheiro e irmão”, em mera figura de linguagem, porque no campo da realidade partidária e política a irmandade entre os dois nunca se concretizou.

Para o observador mais arguto, estas duas palavrinhas possuem peso simbólico e indicam a tentativa de deixar uma fresta aberta para uma possível aliança PT/Rede. Aqui, a ordem faz grande diferença, porque mesmo sendo prejudicial à futura candidatura de Costa, é também improvável a aliança Rede/PT (porque os vermelhos embotados gostam de apoio e não de apoiar). 

Mesmo que não vença a disputa, Radiovaldo poderá sair maior do que entrou no processo eleitoral, abrindo possibilidades para uma candidatura à Assembleia Legislativa em 2018 e, dependendo dos ventos, ser novamente candidato à Prefeitura de Alagoinhas em 2020. 

Abrir mão de sua candidatura, em função de um hipotético (mas possível) crescimento de Joaquim Neto para fortalecer o campo político onde sempre militou (leia-se, a carcomida esquerda) será uma burrice inominável. Em política, derrota pode se transformar em vitória no médio prazo.

Mas uma vitória, a depender do “parceiro”, será derrota no dia seguinte.

O fantasma da derrota, sempre possível, não deve povoar o sono de Radiovaldo. É preciso viver seu sonho, que compartilha com amigos e correligionários, de disputar a Prefeitura de Alagoinhas pela primeira vez, enfrentando o petista, que disputará o Executivo em mais uma oportunidade (Joseildo disputou a PMA em 1996, 2000, 2004 e 2012). 

Perdendo, Radiovaldo se manterá na política. Se rendendo ao PT, desaparecerá para sempre e será rejeitado pelos eleitores.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo