Alagoinhas: Cientista político critica estruturação de questionário de pesquisa realizada pelo Instituto Séculus

O site Alagoinhas Hoje publica críticas de um cientista político (professor doutor) sobre o  questionário de pesquisa realizada pelo Instituto Séculus em Alagoinhas.

O trabalho de campo do instituto aconteceu entre os dias 22 e 24 de março. A pesquisa foi publicada na manhã desta segunda-feira (1º de abril).

Abaixo, a avaliação do cientista político. 

O questionário não possui um disco para apresentar os nomes dos candidatos aos entrevistados, o que não deixa a cargo do aplicador(a) o rodízio aleatório de nomes, mas aumenta a probabilidade de erro humano sobre a leitura dos nomes.

A pergunta de rejeição ainda é feita antes das perguntas 8 e 9, que aferem a intenção de voto, o que configura um viés do questionário.

A pergunta 10 está mal elaborada e pode confundir os entrevistados, gerando uma distorção na apresentação dos dados a serem coletados.

Todas as perguntas do questionário não orientam os aplicadores como devem proceder sobre a LEITURA DAS OPÇÕES DE RESPOSTA, o que mostra uma limitação do instituto na apresentação de como cada pergunta buscará coletar as respostas. Por exemplo, na pergunta 8, os nomes dos candidatos são lidos pelos entrevistadores?

As perguntas sobre as variáveis de sexo, idade, escolaridade e renda não possuem um enunciado de maneira a descrever a forma como será feita cada pergunta específica.

Há um erro notório no questionário: não estimar a população que é analfabeta ou que só lê e escreve, claramente que não corresponde à opção “Até o ensino fundamental”, na pergunta referente à escolaridade. Conforme o perfil do eleitorado do município disponível no TSE, existem 9.934 pessoas que só leem ou escrevem em Alagoinhas e 2.499 pessoas analfabetas (tabela abaixo).

Outro dado importante: não foi subido ao processo no TSE, sob nº “BA-08875/2024”, o plano amostral detalhado da pesquisa, quanto à divisão das aplicações por cada estrato de renda, escolaridade, sexo e faixa etária.

Um erro ainda mais grave: o questionário não possui uma pergunta de controle sobre quem é eleitor ou não do município de Alagoinhas, o que configura uma quebra do princípio de que a coleta de dados será com os eleitores do município. Sem essa pergunta configurando variável de controle, a pesquisa fica contaminada e não possui confiança e validação amostral necessárias para sua divulgação pública como um levantamento imparcial sobre o cenário eleitoral no município.

Radiovaldo não aparece na espontânea, o que do ponto de vista da frequência estatística é muito estranho.

A pesquisa não “captou” a força de Radiovaldo, que possui recall em função das várias eleições que disputou.

É como se os eleitores do PT tivessem migrado em quase 100% para Paulo Cezar, cenário impossível de ocorrer na prática e do ponto de vista probabilístico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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