A quebra da OGX é uma aula de economia política – Bruno Lima Rocha

Ciclicamente apresento nesta publicação um artigo que referencio como aula viva de economia política. Quando isto ocorre, quase sempre se trata de má notícia para a economia nacional e em particular, para os recursos coletivos.

A quebra da petroleira privada OGX, controlada por Eike Batista (Grupo EBX, herdeiro de Eliezer Batista) e hoje quase falimentar, materializa alguns conceitos fundamentais para compreender o jogo real da economia e da política.

As evidências apontam para a habitual privatização de recursos públicos e a socialização de prejuízos. A distribuição desigual do acesso aos bens coletivos (de capital) se vê representada na relação entre o Estado financiador e o empresariado privado.

O BNDES jorrou oceanos de dinheiro da União para financiar vários “pacotes de bondades”, dentre estes os empreendimentos da família Batista.

 

 

Conforme matéria de O Globo (31/10/2013), o Grupo EBX já contratou R$ 10 bilhões junto ao Banco de Desenvolvimento sendo que R$ 6 já foram liberados. Tal dado materializa-se na forma quase discricionária como estes financiamentos são distribuídos.

Este procedimento aponta para o “bismarckismo tropical”, onde o Estado através do poder central e seus mecanismos de política econômica, favorecem a conglomerados específicos, também chamados de “campeões nacionais”.

Eike jamais chegou a ser o mais poderoso destes capitães de indústria, conforme é demonstrado nos vigorosos estudos da Cooperativa Eita (verproprietariosdobrasil.org.br). Mas, talvez por sua grande e heterodoxa exposição midiática, terminou como um símbolo das relações carnais entre o Estado e o agente econômico, operando a favor deste último.

Tamanha visibilidade fortalecera a “sensação de otimismo”, influenciando a roleta russa no mercado financeiro, aumentando a procura pelas ações X, gerando o temerário comportamento de manada. Agora, resta o prejuízo e o papelão para o Brasil no cenário internacional.

Como venho afirmando, o conceito de jogo real é o conjunto de manobras – legais ou nada republicanas – para além da moral convencionada e fruto da distância ou proximidade com os espaços decisórios. Separar a decisão política de processos produtivos é uma perigosa fábula para-científica, muito defendida pelos neoclássicos e neoliberais, quase sempre terminando com uma conta bilionária a ser paga pelo contribuinte.

No caso da OGX, empreendimento de Eike Batista – hoje uma notória estrela decadente do capitalismo nativo – os conceitos materializam a teoria aplicada.

Bruno Lima Rocha é cientista político.

(www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@gmail.com)

Fonte: Blog do Noblat

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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