Não luto pelo meu mandato por vaidade, diz Dilma no Senado

dilma no senado

Com quase uma hora de atraso, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) apresentou durante cerca de 44 minutos a exposição inicial de sua defesa no julgamento final do impeachment no Senado. Ela voltou a insistir de que o processo contra ela é um golpe contra a democracia. Esta é a primeira vez, desde a redemocratização, que um presidente comparece frente ao Legislativo na condição de réu.

Em ao menos dois momentos, Dilma Rousseff se emocionou durante o discurso, que foi acompanhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas galerias do plenário. Ele faz parte da comitiva de cerca de 30 pessoas que acompanham a petista no interrogatório de hoje. O cantor Chico Buarque também está no grupo.

“Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder. Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça”, afirmou a presidente.

Ao falar sobre as possíveis consequências do impeachment para o país, Dilma se emocionou. “O que está em jogo é a autoestima dos brasileiros. O que está em jogo é o futuro do país, a oportunidade e esperança de avançar sempre mais”, disse.

“A forma só não basta. É necessário que o conteúdo de uma sentença seja justa. Nunca haverá justiça em uma eventual condenação minha”, afirma.

A presidente afastada afirmou que não abriu mão do cargo porque respeita o Estado democrático de direito. “Jamais o faria porque não renuncio à lei”, disse. “A violência do preconceito me assobrou e, em alguns momentos, muito me magoaram”.

E voltou a agradecer o empenho das mulheres que a acompanharam nesse período de luta: “Bravas mulheres brasileiras que tenho a honra de representar como primeira presidente da República”, afirmou.

“Tenho a consciência tranquila, não pratiquei crime de responsabilidade. Cassar meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política”, disse.

Durante o discurso, ela voltou a lembrar que foi torturada e julgada pelo tribunal de exceção da Ditadura Militar. “Continuo de cabeça erguida olhando nos olhos dos meus julgadores. Apesar das grandes diferenças, sofro novamente com o sentimento de injustiça. Não tenho dúvida que, dessa vez, todos nós seremos julgados pela história”.

Emocionada, a presidente afastada relembrou da tortura e do câncer que combateu antes das eleições de 2010. Disse que temeu a morte nessas duas ocasiões, mas que, hoje, só teme a “morte da democracia”.

Fonte: Exame

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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