O fim da linha para Maranhão é a alegria de Temer

temer_maranhao3

O evento político da semana foi a renúncia do agora ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB), anunciado na última quinta-feira(7).

Essa renúncia impacta diretamente o destino de dois interinos do governo, Waldir Maranhão (PP-MA), que comanda a Câmara, e Michel Temer (PMDB), o presidente em exercício. Enquanto é chegado o fim da linha para o primeiro, ao segundo a renúncia é motivo de festa.

A relação se explica: a interinidade fez do governo Temer um desfile na corda bamba e Maranhão tinha papel central na instabilidade. A legitimidade do governo depende de resultados rápidos e mostra pressa por consolidar alianças tênues com os partidos para formar maioria no Congresso, inclusive para garantir a votação de ajustes ficais e do impeachment.

A inevitável missão de se aproximar do Legislativo passa por algo que Eduardo Cunha dominava, que é exercer influência e organizar grande contingente do baixo clero do Congresso — o famigerado “centrão”. A crise decorrente da figura de Cunha e seus 11 processos no STF abriu caminho para uma instabilidade no processo decisório.

Mas afastado o peemedebista da cadeira na Câmara, a gestão foi entregue ao modesto e pouco influente vice-presidente.

Maranhão nunca teve controle sobre os pares e assumiu em um quadro de intensa pressão política. Somou-se a isso uma série de decisões controversas, como a (quase) anulação da votação do processo de impeachment, e demonstrações de falta de poder, ao suspender votações por falta de quórum e forçar o início de comissões esvaziadas.

Contra ele ainda há acusações de corrupção, assim como o antecessor no cargo. Além de citações em delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato, há uma recente quebra de sigilo bancário pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar suposto recebimento de vantagem indevida, em esquema fraudulento de investimentos nos regimes de previdência de servidores públicos municipais em seu estado.

Foram tantos problemas que até integrantes de seu partido tentaram articular sua expulsão, com objetivo de tirá-lo do cargo.

“Foi uma gestão bastante errática. A cada hora se alinhava a um grupo diferente: primeiro como aliado de Cunha, flertou com o PT e Dilma, depois com Temer e agora parece estar próximo aos partidos da base governista avessos a Cunha”, afirma Ricardo Ribeiro, consultor político da MCM Consultores.

“Nunca tinha visto um presidente da Câmara politicamente tão fraco, que não conseguia falar com a imprensa, nem presidir sessões da Câmara”, diz.

Fonte: Exame

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo