Micareta mobiliza mais interesses do que debates sobre educação e saúde – Maurílio Fontes

As discussões e os acalorados debates sobre a conveniência ou não de se realizar a Micareta 2015 mobilizam segmentos de Alagoinhas e as redes sociais permitem  que posições favoráveis e contrárias sejam publicizadas.

Que se faça o bom debate.

Contudo, evidencia-se que a festa mobiliza muito mais interesses do que os debates sobre saúde e educação.

O imediatismo, uma das marcas da sociedade contemporânea, quando conjugado com interesses econômicos, legítimos, diga-se de passagem, tem o condão de estabelecer conexões sociais muito maiores do que aquelas alcançadas quando estão na pauta a saúde e educação.

A sociedade  valoriza o acessório em detrimento do essencial. Prefere o fugaz ao perene. Opta, de forma quase que automática, pelos benefícios imediatos, sem pensar a longo prazo.

Fala-se à mancheia em mudanças, mas no fundo poucos querem vê-las implementadas. O mais do mesmo já está de bom tamanho, se ao regalo dos bolsos, seus interesses (instantâneos) são atendidos.

Discursos quase nunca se coadunam com práticas e vice-versa. A sociedade reforça o cinismo, e a falta do bom senso, que lhe é peculiar, ganha ares de aceitação, a depender do posicionamento do emissor da opinião.

O debate sobre a micareta não pode escantear a racionalidade, apesar, frise-se, dos grandes interesses em jogo de variados segmentos. Uns, com mais poder de pressão, buscam influenciar as decisões governamentais. Outros, em razão da baixa capacidade de interlocução, são meros espectadores, embora também tenham intenções de tirar proveito da festa.

Em sua lógica inversa, a sociedade – ou grande parte dela – vê com certo desdém mobilizações em prol de melhorias da saúde e da educação, como se elas não fossem capazes de minorar os problemas e encontrar soluções que determinem novos caminhos.  

Tal situação é demonstrativa de nossa decadência enquanto raça. Se o tempo contemporâneo é veloz, não podemos nos contentar com nada que não seja imediato. E menos ainda com aquilo que não gere receitas.

Será que alguns querem apenas pão e circo? Com  palavra, o insuspeito Decimus Iunius Iuvenalis (Décimo Júnio Juvenal), poeta e retórico romano, a quem historicamente é atribuída a expressão  panis et circus.

O circo romano, modernizado, se transformou nas festas da contemporaneidade?

Maurílio Fontes é editor do Alagoinhas Hoje

 

 

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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