Negar a divisão do país é mero discurso para incautos – Maurílio Fontes

A presidenta reeleita Dilma Rousseff, como num passe de mágica, afirmou que fará tudo que não fez no primeiro mandato: proximidade com o Congresso Nacional, interlocução com o empresariado e abertura para os grupos sociais. Isolada no Palácio Planalto em seu primeiro quadriênio, a mandatária terá que se reinventar porque as promessas não se coadunam com sua personalidade forte.

O país, no dia posterior à vitória da presidenta, amanhece dividido como demonstraram os resultados eleitorais. Não há como negar esta assertiva e subdimensionar a divisão do Brasil é confrontar a realidade dos fatos. Políticos, via de regra, são experts em negar a realidade, os fatos e concretitude da vida cotidiana como se discursassem apenas para aliados dóceis e incautos. 

Os números reafirmam a divisão do Brasil: a presidenta obteve apenas 38% dos votos do quantitativo de eleitores inscritos e aptos para votar no segundo turno. É verdade que a vitória se dá apenas com base nos votos válidos, mas um pouco mais 30 milhões de eleitores não compareceram ontem às suas seções eleitorais.

A vitória é legítima e não pode ser questionada em nenhum fórum. O que se indaga é a capacidade da presidenta em colar os cacos e unir  Brasil. A história, ao contrário do que afirmou a presidenta, registra que vitórias apertadas transformaram-se na sequência de seus desdobramentos em crises políticas, embates renhidos no Congresso Nacional e incapacidade dos governos de enfrentar seus desafios.

Tomara que Dilma Rousseff consiga reescrever sua própria história e a trajetória política do Brasil. 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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