Venda de veículos cai 26,7% e volta aos patamares de 2008

O mercado brasileiro de veículos emplacou 185,9 mil unidades em fevereiro, voltando aos patamares de novembro de 2008, revelou nesta quinta-feira (5) a Anfavea (associação dos fabricantes).

A queda dos licenciamentos sobre janeiro, quando foram emplacados 253,8 mil unidades, é de 26,7%, enquanto a retração sobre fevereiro de 2014 (259,3 mil) chega a 28,3%.

“Os dois principais fatores para essa queda considerável é a volta da cobrança do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e falta de confiança do consumidor na economia”, explica Luiz Moan, presidente da Anfavea.

A queda nos licenciamentos é refletida no desempenho da produção, que caiu de 204,8 mil em janeiro para 200,1 mil em fevereiro – retração de 2,3%. Sobre o mesmo mês de 2014, quando foram produzidos 281,6 mil veículos, a queda é de 28,9%.

Com o resultado, o setor acumula perda de produção de 22% em relação ao primeiro bimestre do ano passado, a 404,9 mil unidades.

A desaceleração da indústria ocorre desde o ano passado, mas começou a apertar o passo este ano, com a retração mais intensa do consumo e fim de incentivos tributários como a redução do IPI.

Concedidos pelo governo, os incentivos eram condicionados a compromissos de manutenção de empregos no setor. A expectativa do é que o consumo de veículos se retraia 10% neste ano. A expectativa do mercado para o PIB de 2015 é retração de 0,58%, que seria a pior em 25 anos.

Demissões

O número de postos de trabalho ocupados pelo setor em fevereiro ficou em 142,3 mil, queda de 1,3% sobre janeiro e de 8,8% sobre o mesmo mês de 2014.

Ainda assim, o presidente da entidade acredita haver um excedente de trabalhadores, o que deve levar a novas demissões ao longo do ano.

Os atuais 142,3 mil postos de trabalho são inferiores aos 144,1 mil empregos de janeiro, mas ainda distantes dos cerca de 124 mil postos de 2009, quando a indústria começava a se recuperar da crise de 2008.

Segundo Moan, apenas cada fabricante sabe o quanto tem de excedente em suas linhas de produção – não havendo uma relação exata entre a quantidade de empregos de fevereiro de 2015 e novembro de 2009.

Exportações

Na contramão dos licenciamentos e da produção, as exportações tiveram alta no período, principalmente em função das recentes altas do dólar.

Foram vendidos a outros países 31.266 veículos em fevereiro, montante 91,8% superior ao desempenho de janeiro.

Quanto à elevação do dólar para R$ 3, o presidente da Anfavea acredita que haverá “grandes prejuízos” a curto prazos com o aumento de insumos que são importados, mas que a médio e longo prazos o país retomará a competitividade nas exportações.

Projeções

No começo da semana, a Fenabrave (associação de concessionários de veículos) decidiu reduzir fortemente sua projeção para as vendas de carros e comerciais leves neste ano: de queda de 0,5%, para recuo de 10%, a 2,996 milhões de unidades.

A Anfavea manteve no mês passado projeção de estabilidade nas vendas de veículos neste ano e a estimativa de alta de 4,1% na produção.

Contudo, a previsão que entidade costuma fazer no meio do ano será adiantada para o próximo mês, devido a “uma piora considerável no quadro econômico”, de acordo com Moan.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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