Venda de ingresso para Copa começa com polêmica sobre preços
O processo de venda de ingressos para a Copa do Mundo do Brasil-2014 começou nesta terça-feira na internet com preços considerados “elitistas” por muitos observadores, já que o ingresso mais barato para a final custa cerca da metade do salário mínimo.
A partir das 07h00 da manhã desta terça-feira, compradores potenciais fizeram pedidos de ingressos que serão sorteados caso a demanda seja maior que a oferta. Cada usuário que fizer o cadastro pode escolher até sete partidas por pedido. Essa primeira fase de venda vai até o dia 10 de outubro, sendo que o sorteio das partidas da Copa será realizado apenas no dia 6 de dezembro.
Mais de um milhão de cadastros já foram registrados nas primeira sete horas de funcionamento do portal, informou a Fifa. O jogo de abertura, que marcará a estreia do Brasil na competição, recebeu o maior número de pedidos, superando até a final (165.000). No total, 3,72 milhões de ingressos foram vendidos.
Os ingressos mais baratos serão vendidos a 30 reais (para categoria 4 com direito a meia-entrada em jogos da fase de grupos. O preço sobre para 80 reais para uma entrada para o jogo de abertura para e 165 reais para a final. No total, foram disponibilizados 400.000 ingressos desta categoria, 300.000 deles com direito a meia-entrada.
Compradores de fora do Brasil terão acesso apenas às outras categorias. Para um ingresso da categoria 1, a mais cara, para a fase de grupos, o preço cobrado é de 330 reais. Para a final, o valor chega a 1.980 reais.
Associações que lutam por preços mais baixos para a competição reclamam dos preços altos, ainda mais quando se sabe que um ingresso da categoria 4 sem meia-entrada para a final custa 330 reais, quase a metade do salário mínimo atual (678 reais).
“É preciso entender que esta Copa faz parte de um processo de estandardização e fundamentalmente de elitização do futebol, que passa pela expulsão dos pobres dos estádios”, declarou à AFP Gustavo Mehl, do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas.
A realização da Copa do Mundo no Brasil mediante investimentos bilionários na construção dos estádios foi um dos motivos da onda de protestos que começou em junho no país, em meio a reclamações contra a baixa de qualidade dos serviços públicos.
Também ocorreram várias manifestações contra a ‘privatização’ do Maracanã, que está sendo administrado há um mês por um consórcio formado pela construtora Oderbrecht, a empresa de o grupo AEG e a IMX,do empresário Eike Batista.
Desde então, os preços cobrados para assistir a partidas de clubes cariocas no templo do futebol brasileiro aumentaram muito em relação a 2010, quando o estádio foi fechado para obras.
No início do mês de agosto, o próprio ministro dos Esportes Aldo Rebelo criticou os preços “exorbitantes” das entradas para jogos do Brasileirão.
No entanto, o Chris Gaffney, urbanista americano que estuda o impacto dos grandes eventos na cidade do Rio de Janeiro, acredita que o valor dos ingressos para a Copa de 2014 poderia ter sido até mais alto.
“É provável que a Fifa tenha reduzido os pressos inicialmente previstos sob a pressão dos protestos”, explicou. “Mesmo assim, isso não mudará a política atual do futebol brasileiro, que deseja proporcionar um espetáculo para consumidores e não para torcedores”, completou.
No momento, apenas cinco seleções têm sua vaga garantida na competição. Além do Brasil, país anfitrião, Austrália, Japão, Irão e Coreia do Sul conseguiram a classificação em campo pelas eliminatórias asiáticas.
Fonte: Exame