Valor de mercado da Petrobras caiu 45% desde o fim de setembro

O valor de mercado da Petrobras no fim de setembro era de R$ 229,72 bilhões, praticamente inalterado em relação ao fim de setembro de 2013, de acordo com as informações divulgadas ontem à noite pela estatal. No entanto, na comparação com o preço das ações no fechamento do pregão de sexta-feira (12) na Bolsa de Valores de São Paulo, houve queda de 45%. Pela cotação de ontem, o valor de mercado da empresa era de R$ 127,04 bilhões.

Ontem, Petrobras PN caiu 5,82% e encerrou valendo R$ 10,19, a menor cotação desde 5 de agosto de 2005, quando estava a R$ 9,96. Petrobras ON declinou 5,98%, para R$ 9,44, menor nível desde 20 de janeiro de 2005, quando marcava R$ 9,42.

O balanço não auditado da empresa era ansiosamente aguardado para sexta à noite, mas a divulgação dos números foi novamente adiada. Foram apresentados somente indicadores operacionais e algumas informações econômico-financeiras.

A Petrobras disse que decidiu adiar a divulgação do balanço não auditado “tendo em vista os novos fatos ocorridos após o dia 13 de novembro de 2014, relacionados, direta ou indiretamente, à Operação Lava-Jato”. Entre esses fatos, mencionou a investigação da empresa promovida pela SEC (a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos), as denúncias de corrupção feitas na delação premiada de executivos do grupo Toyo Setal, o indiciamento de diversos envolvidos no caso (entre eles o ex-diretor Paulo Roberto Costa) e a ação coletiva de investidor americano cobrando perdas com as ações da companhia. A empresa acredita que os dados apresentados ontem não serão afetados pelos desdobramentos da Lava-Jato.

Diretor de governança 

A esperada diretoria de compliance prometida pela presidente da estatal, Graça Foster, como medida de melhora nos controles internos da empresa, deverá estar exercendo suas funções até o final de janeiro, informou também a companhia. Seu titular será diretor de Governança, Risco e Conformidade, cargo que substituirá o de diretor da Área Internacional.

A missão desse executivo, segundo o informe divulgado na sexta, será “assegurar a conformidade processual e mitigar riscos nas atividades da Companhia, incluindo os de fraude e corrupção”. O diretor terá mandato de três anos e só poderá ser demitido por voto qualificado do Conselho de Administração.

A escolha do executivo ficará a cargo do Conselho, “com base em lista tríplice selecionada por empresa especializada em busca de executivos do mercado”. A Petrobras não informou, porém, que empresa de seleção será essa.

Nenhuma demissão

O comunicado da estatal lista outras providências tomadas para aprimorar a governança corporativa. Houve mudanças no quadro gerencial, mas, segundo a empresa, nenhuma demissão aconteceu porque as Comissões Internas de Apuração verificaram o não cumprimento de procedimentos normativos internos, mas não encontraram “evidência, até o momento, de dolo, má fé ou recebimento de benefícios indevidos por parte desses empregados citados nos relatórios” internos.

O texto menciona ainda a “elaboração e implementação, entre 2012 e 2014, de um conjunto de 66 medidas” de governança já documentadas nas atas internas.

Dados operacionais

A receita de vendas da Petrobras no terceiro trimestre alcançou R$ 88,37 bilhões. O valor é 13,7% superior ao observado em igual período do ano passado. Segundo a petroleira, a receita de vendas cresceu refletindo maiores exportações e aumento da demanda.

Ainda de acordo com o documento, a dívida líquida da companhia somou R$ 261,45 bilhões no trimestre, com alta de 35%, na comparação com igual período do ano passado. A dívida bruta somou R$ 331,7 bilhões ao fim do terceiro trimestre deste ano.

O fluxo de caixa líquido da empresa é positivo em R$ 4,24 bilhões. O caixa ajustado da companhia subiu de R$ 66,36 bilhões em junho para R$ 70,26 bilhões em setembro.

A empresa acrescentou que tomou medidas para a preservação do caixa e que a livraram de tomar crédito em 2015. “Essas ações asseguram fluxo de caixa livre positivo no próximo ano, considerando preços de petróleo em torno de US$ 70/ barril e taxa de câmbio em torno de R$ 2,60/US$, e eliminam a necessidade de captações junto ao mercado no próximo ano”, informou a companhia.

Produção

A produção de derivados da Petrobras cresceu 3,6% no terceiro trimestre do ano na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, para 2.204 mil barris por dia (bpd). O crescimento refletiu a maior utilização de produtos intermediários

O fator de utilização do parque de refino cresceu de 96% para 100% no trimestre.

A carga de petróleo processado nas refinarias cresceu 3,3% no trimestre, para 2.094 mil bpd. Segundo a Petrobras, o crescimento da carga processada refletiu a melhora sustentável da performance operacional das refinarias.

Fonte: Valor 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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