Tancredo Neves: “Eleito não parecia estar doente”, afirma Sarney

Vice de Tancredo Neves na disputa que se deu no colégio eleitoral, José Sarney acabou herdando a vaga de presidente da República. E, mesmo vendo de perto a agonia do governante eleito, ele destaca a força que o peemedebista demonstrou até o fim de sua trajetória.

“O Tancredo não dava impressão a ninguém de que ele tivesse qualquer problema de saúde. Ele apresentava, ao contrário, uma vitalidade muito grande”, garante José Sarney.

Assim, o colega de chapa tomou conhecimento de que o aliado estava doente pouco antes da posse. “Eu falava no Senado e vi, à minha direita, na tribuna de honra, o doutor Renault Ribeiro (médico de Tancredo). Quando eu saí da tribuna e fui para o meu gabinete, o doutor foi para lá e, então, me comunicou que o Tancredo estava com uma suspeita de apendicite”, conta. O presidente, no entanto, estava resistente ao procedimento.

“Ele dizia não querer operar-se antes de assumir, porque o Figueiredo não me daria posse pela inimizade que tinha comigo”, contou Sarney. A situação foi contornada por Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo e futuro ministro da Fazenda.

“O Dornelles fez, de certo modo, um blefe. Ele disse que estava voltando de um contato com o doutor Leitão de Abreu e que ele tinha transmitido que o Figueiredo mandava comunicar que transferia o governo para mim. Diante disso, o Tancredo teve a oportunidade de dizer: ‘Sendo assim, eu me submeto à operação’”.

Sarney destaca a habilidade de Tancredo como conciliador. “Uma vez perguntei a ele: ‘Tancredo, quais são as dez maiores virtudes que você acha que se deve ter na política?’ Ele me disse: ‘Olha, Sarney, as sete primeiras são paciência. As três últimas, você completa como você quiser”.

Fonte: O Tempo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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