Supersalários e Renan, o duelo de equivocados
Na ciência política há vasta literatura sobre a discussão entre a mensagem e o mensageiro. Em linhas gerais, uma boa mensagem, para o bem da sua eficácia, prescinde de um bom mensageiro.
No momento em que se impõe ao país a famigerada PEC 241, que sinaliza com amplos sacrifícios para os pobres, nada mais justo que se questionem os supersalários do Judiciário, como faz o Senado.
A mensagem é primorosa. Até porque é do Judiciário que se espera o exemplo primeiro no rigor do cumprimento da lei.
Ora, o teto salarial no Brasil é R$ 33.763 (a base é salário de ministro do STF), mas é justamente na Justiça onde mais ele estoura, às vezes de forma tão estúpida que vira afronta.
Quando o Senado resolveu questionar o assunto, associações de magistrados do país se levantaram e foram à presidente do STF, Cármen Lúcia, pedir a cabeça do presidente Renan Calheiros (PMDB), que é cheio de processos, da Lava Jato e outros.
É o caso: mensagem correta, mas o mensageiro melado. É mais uma a se creditar na conta dos nossos desatinos políticos.
Fonte: Coluna Tempo Presente/A Tarde