Sobra talento na Bahia, mas falta maturidade para inovação

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A Bahia ainda não conseguiu amadurecer a cultura empreendedora propícia ao desenvolvimento de empresas de inovação, com modelos de negócio com potencial de crescimento. É o que aponta o estudo sobre ecossistema baiano de startups, desenvolvido pelo Sebrae Bahia e que será apresentado no dia 1º de abril.

A pesquisa partiu de três pontos de vista diferentes para mapear necessidades, principais dificuldades e pontos que devem ser melhorados, com o intuito de estimular a área. Foram feitas entrevistas com startups, especialistas (aceleradoras, empresas que traçam planos de negócio, e incubadoras, áreas de inovação das universidades) e instituições de apoio e fomento.

“Nosso ecossistema não está em um nível de maturidade. Nós temos talento, mas falta a cultura, a densidade (de empresas envolvidas), precisa de mais troca de informação, para fomentar mais a questão do empreendedorismo inovador”, argumenta José Nilo Meira, gerente da Unidade de Acesso a Mercado do Sebrae-Bahia, equipe responsável pelo estudo.

O analista de sistema Diego Motta, 29, criador da plataforma iCollect, que reúne colecionadores para comércio de itens e interação por uma rede social própria, participou das enquetes e concorda que a principal dificuldade é a falta de cultura empreendedora.

“Dinheiro talvez não seja o principal problema. É difícil encontrar gente interessada em se dedicar a um projeto à parte. A maioria das pessoas só quer ser empregado”, afirma o empreendedor.

Estilo de vida

Um dos diagnósticos traçados sobre as startups mostra que o estilo de vida é uma das apostas de quem investe em inovação. Segundo o estudo, a maioria dos entrevistados está atrás de uma proposta de trabalho mais livre e autônoma.

O mapeamento feito pelo Sebrae também indica que muitos sócios estão na primeira experiência empreendedora e em fase de validação do modelo de negócios.

Para Wagner Melo, 34, proprietário da Inuvem Computação, startup que oferece serviços especializados em computação em nuvem integradas ao Google e fez parte do mapeamento do Sebrae, falta suporte no mercado. Para ele, o ideal é que as empresas pudessem ter um apoio para estruturar um modelo de negócio mais eficiente e apresentável para investidores.

Em 2012, Melo teve a oportunidade de receber financiamento de um fundo norte-americano. Mas perdeu a chance porque faltou visão para negociar com o que o investidor poderia oferecer.

Um dos objetivos do Sebrae é melhorar a relação entre as startups, aceleradoras e investidores, por meio da realização de eventos que reúnam os três setores.

“Muitas vezes os donos de startups são jovens que sabem muito de tecnologia, mas não entendem muito de financeiro”, afirma Nilo.

Mapeamento das startups na Bahia

Amostra O estudo sobre o ecossistema baiano de startups realizado pelo Sebrae Bahia consultou 70 empresas de tecnologia (entre as fases de pré-operação, operação e ideação) com modelos de negócios escaláveis para traçar um perfil do mercado

Empreendedores de primeira viagem Segundo dados levantados pela pesquisa, houve crescimento do setor de inovação, mas o número de startups ainda é pequeno e caracteriza um ecossistema iniciante.  A maioria dos empreendedores vivem a primeira experiência em ser dono do próprio negócio

Estilo de vida A busca por uma proposta de trabalho mais leve e autônoma, como alternativa às convenções e normas do mercado de trabalho tradicional, é geralmente o motivo que leva os empreendedores a investirem em ser donos da própria empresa

Diversidade O estudo aponta que em geral existe baixo nível de complementaridade no
time de fundadores. A maioria é formado por programadores. Há pouca diversidade técnica,  de gênero (poucas mulheres) e de faixa etária.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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