Sindicato dos Petroleiros é contra o Plano de Negócios da Petrobras 2015/2019

radiovaldo

Nesta terça-feira, em reunião na Assembleia Legislativa com os deputados estaduais petistas Joseildo Ramos, Rosemberg Pinto, Fátima Nunes, Maria Del Carmen, Neuza Cadore, Bira Coroa, Marcelino Galo, Gika Lopes e José Raimundo Fontes, Radiovaldo Costa, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), apresentou sugestões em defesa da Petrobras e contrárias ao Plano de Negócios 2015/2019, divulgado pela diretoria executiva no dia 26 de Junho, que prevê desinvestimentos e a privatização de empresas do conglomerado da estatal petrolífera.

Radiovaldo sugeriu um encontro com o governador Rui Costa, reuniões com os prefeitos das cidades baianas produtoras de petróleo, afetadas pela crise do segmento e que ainda terão mais prejuízos com o Plano de Negócios, a integração do ex-governador Jaques Wagner ao debate para que ele seja o interlocutor junto ao governo federal e elaboração de documento endereçado ao presidente do Conselho de Administração da Petrobras contra as medidas aprovadas.

Medidas

O Plano de Negócios propõe diversas medidas restritivas que diminuirão o tamanho da Petrobras, focando sua atuação no pré-sal, que no entendimento da diretoria é mais rentável por conta da alta produtividade e do baixo custo de extração do barril de petróleo.

Entre 2015 e 2019, o Conselho de Administração aprovou o corte de US$ 72 bilhões (mais ou menos R$ 210 bilhões) em investimentos, economia com pessoal direto e terceirizados de 13 bilhões de dólares (R$ 40 bilhões) e venda de 30 a 40% dos ativos do conglomerado Petrobras. “Na prática, o conselho definiu estratégias de mercado voltadas para a privatização da empresa”, diz Radiovaldo.

Até 2016, com objetivo de fazer caixa, a companhia planeja vender 15 bilhões de dólares em ativos, incluindo participações a BR Distribuidora, Gaspetro, Brasken e em termelétricas. O Plano de Negócios indica o valor estimado até 2018 de 57 bilhões de dólares com as vendas.

Radiovaldo afirma que os impactos negativos serão muito grandes, a exemplo da queda na geração de empregos, diminuição da arrecadação de impostos pelo estado e municípios onde a empresa atua no território baiano, rompimento ou reavaliação de contratos com empresas terceirizadas, com mais desemprego, corte de benefícios dos trabalhadores da Petrobras e maiores dificuldades para reajustar os salários.

Outro impacto na economia de estados do Norte e Nordeste, considerado grave pelo sindicalista, será a venda dos campos maduros de produção de petróleo no mar e em terra. Esta decisão afetará diretamente os estados do Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo.

Os campos maduros destes estados produzem 15 milhões de metros cúbicos de gás e 200 mil barris de petróleo por dia e são atrativos para empresas médias brasileiras, que poderiam adquirir lotes menores, e para capitais chineses. “Qualquer empresa com este nível de produtividade estaria entre as 50 maiores companhias de petróleo do mundo”, assegura o sindicalista para ressaltar a importância dos campos maduros,

A Bahia, principalmente a macrorregião de Alagoinhas, será muito afetada pela venda dos campos maduros da Petrobras. “A empresa precisa ter um olhar histórico para a Bahia, não se eximindo de sua responsabilidade social como principal elo de uma cadeia produtiva muito importante para o nosso estado e para o Brasil”, registra Radiovaldo.

Greve

Os sindicalistas ligados aos trabalhadores da Petrobras defendem a articulação política como uma das medidas visando barrar o plano de desinvestimento, a mobilização da categoria contra o projeto de lei PLS nº 131/2015 de autoria do senador José Serra (PSDB/SP), que para eles é prejudicial aos interesses da companhia e do Brasil, e não descartam uma greve de proporções nacionais contra o que consideram um ataque quase que sem precedentes à Petrobras em um momento de crise política e econômica, quando os segmentos vinculados aos capitais estrangeiros percebem a oportunidade de obter vantagens com o enfraquecimento da estatal.

Para nós, salienta Radiovaldo, a venda de ativos, terminologia adotada pela diretoria da empresa, não passa de privatização da companhia. “Não aceitamos e vamos lutar contra esta definição contida no Plano de Negócios 2015/2019”, pontua, acrescentando “que a crise não pode servir para diminuir o relevante papel econômico e social desempenhado pela Petrobras nos últimos 60 anos”.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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