Sem-Teto e servidores se unem para “parar o Brasil” em ato em 9 capitais

Movimentos sem-teto e servidores públicos federais se juntarão em ao menos oito Estados mais o Distrito Federal para protestar contra medidas do governo federal para lidar com a crise econômica, especialmente em relação a cortes nas áreas da habitação, saúde e no congelamento de salários dos trabalhadores do Poder Executivo. 

Os principais organizadores do atos, que ocorrem na manhã desta quarta-feira (23), são o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST); o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB); o Brigadas Populares; e grupos ligados ao funcionalismo público federal, comandados pelo Fórum Dos Servidores Públicos Federais, que representa 23 entidades nacionais, com um total de cerca de 1,3 milhão de trabalhadores.

É o primeiro grande ato organizado pelo MTST desde os protestos realizados em 20 de agosto, que só na capital paulista reuniram 40 mil pessoas – de acordo com a Polícia Militar – e foram realizados em todos os Estados do Brasil. Na ocasião, lideranças do grupo ameaçaram “parar o Brasil” caso a presidente Dilma Rousseff não lançasse a terceira fase do Minha Casa, Minha Vida em 10 de setembro. 

“A apresentação da Dilma ocorreu e foi uma vitória do movimento. Mas não adianta anunciar o programa e, na mesma semana, divulgar uma série de cortes no Orçamento, o que naturalmente dificultará a construção do número de casas populares previsto”, explica ao iG Josué Rocha, uma das lideranças nacionais do MTST. “Este é apenas o começo das manifestações que prometemos encampar no mês passado. A ideia é parar o Brasil.”

Apesar de mais uma vez contar com o apoio de sindicalistas – o próprio fórum tem entre seus integrantes a Central Única dos Trabalhadores (CUT), historicamente ligada ao Partido dos Trabalhadores e uma das organizadoras dos atos de agosto –, os protestos prometem ser diferentes dos anteriores dos sem-teto, habitualmente realizados no final da tarde e início da noite, com passeatas na hora do rush.

A começar pelo próprio horário. Em todos os locais onde o MTST confirmou manifestações, elas ocorrerão pela manhã. São Paulo, Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Boa Vista, Recife, Natal e Belém terão seus atos iniciados por volta das 9h.

“Claro que a hora não é a melhor, mas a escolha foi proposital. A ideia é pautar a mídia ao longo de todo o dia. Manter o debate na imprensa da manhã à noite”, diz José Afonso Silva, também coordenador nacional do grupo. “Não queremos fazer aquele ato que vai lá, faz um monte de discursos no caminhão de som e dispersa. Será diferente dos demais, isso é garantido. E, apesar do horário, acreditamos que teremos um número respeitável de pessoas nas ruas.”

A expectativa dos organizadores é juntar cerca de 12 mil pessoas em São Paulo, 2,6 mil em Brasília, 500 no Rio, 500 em Boa Vista e 350 em Goiânia – o grupo não divulgou números de outras cidades. Todos os atos têm previsão de iniciarem ou serem encerrados nos escritórios regionais do Ministério da Fazenda ou do Ministério do Trabalho e Emprego. 

Em Brasília, servidores públicos federais organizarão um café da manhã em frente à sede da pasta chefiada por Joaquim Levy, a partir das 9h. Segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa cerca de 850 mil profissionais e faz parte do fórum, 600 funcionários se somarão aos esperados 2 mil sem-teto esperados – uma caravana com cerca de 300 integrantes do MTST, de acordo com o grupo, viajou à capital federal para engrossar o ato. 

Depois os manifestantes seguem ao Ministério do Planejamento, onde tentarão uma audiência com o ministro Nelson Barbosa pelos reajustes negociados a servidores meses antes – derrubados por Dilma. A Condsef ainda pretende seguir à Câmara dos Deputados posteriormente, com o objetivo de pressionar parlamentares a vetar o ajuste fiscal proposto pelo governo federal. A orientação do grupo é pela paralisação geral de servidores em todos os Estados da federação ao longo do dia, elevando o número de locais com protestos.

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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