Secretário de Política Econômica prevê inflação abaixo do teto este ano
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse hoje acreditar que a inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá ficar próximo de 6,2% neste ano, abaixo, portanto, do teto da meta estabelecida pelo governo de 6,5%.
Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação medida pelo IPCA , usado no sistema de metas do governo, ficou em 0,57% em setembro. No mesmo período do ano passado, o IPCA havia ficado em 0,35%.
No acumulado, as taxas ficaram em 4,61% no ano e em 6,75% no período de 12 meses. Para Holland, os últimos três meses do ano farão com que a inflação tenda a convergir para o centro da meta, 4,5%. O secretário observou que a meta de inflação é para ano-calendário e não o mês a mês. Disse que há onze anos o governo tem mantido a inflação dentro das metas estabelecidas.
“Assim com a inflação ficou acima das expectativas em setembro, em vários outros meses ela ficou abaixo das previsões. Costumamos dizer que, na média, nós economistas acertamos. Por mais que tenham esses desvios de previsões mês a mês”, disse Holland.
Pelos dados do IBGE, a taxa em setembro foi influenciada principalmente pelos alimentos, que tiveram alta de preços de 0,78%, depois de três meses com queda de preços. Outro grupo de despesas que teve contribuição importante para a inflação de setembro foi transportes, com taxa de 0,63%.
Na avaliação do secretário, entre outros produtos, o preço da carne bovina terá agora uma acomodação. No caso das passagens aéreas, ele explicou que houve o aumento nos últimos dois meses, mas dentro do ano há deflação. “O reajuste que deverá [haver] não será dessa magnitude. E o terceiro é o reajuste dentro do calendário de energia residencial, que está vencendo o ciclo de reajustes”, explicou.
Ele acredita que o mercado terá surpresas para baixo na inflação. Holland destacou que, no ano passado, o IPCA começou alto com 0,86%, 0,9% e foi caindo até julho. Depois, voltou a subir. Lembrou que o ano em curso (2014) começou baixo, subiu em março, caiu em junho e julho, com pico em setembro e queda de outubro a dezembro.
“Foi sazonal esse movimento da inflação. Pico na entressafra e seca, no caso da carne. Mas [há] outros substitutos. Por isso, a população precisa ficar atenta. Diversos itens do dia a dia do consumidor apresentaram deflação em setembro: tomate, óleo, batata e feijão”, avaliou.
Questionado por jornalistas se não era ruim para o governo, em ano eleitoral, uma inflação desta magnitude (6,75%), em 12 meses , Holland disse que a situação independe de ciclos políticos.
“A inflação independe de ciclos políticos. O comportamento da economia [segue um caminho impulsionado] por situações diversas. Inflação de alimentação e bebidas, mesmo em alta agora [em razão da carne], é menor que nos dois últimos anos”, ponderou.
O secretário disse ainda que a economia brasileira tem bons fundamentos. Citou, como exemplos, as medidas adotadas pelo governo para enfrentar a inflação, como os investimentos em infraestrutura, além das desonerações e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que pretende qualificar a mão de obra no país, com melhora na produtividade para conduzir o país a inflações cada vez menores, informou.