Renan Calheiros entra em rota de colisão com líder do PMDB no Senado

Pouca coisa deixa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tão irritado quanto a versão que corre na Casa de que a aprovação de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal foi uma derrota sua e uma vitória do líder do PMDB, o senador Eunício Oliveira (CE).

Eunício disfarça. Confrontado sobre o assunto, diz que a vitória foi do STF. “Nunca recebi tantos telefonemas de ministros do Supremo defendendo a aprovação de um candidato”, argumenta.

De fato, Eunício até tinha restrições a Fachin, devido às notícias da simpatia do novo ministro pelo Movimento dos Sem-Terra. O senador tem uma fazenda que chegou a ser invadida. Mas, depois que Fachin demonstrou moderação em suas posições durante a  sabatina na na Comissão de Constituição e Justiça, Eunício passou a apoiá-lo. “Ali ele ganhou o Senado”, argumenta pouco antes de ser puxado por uma assessor  e sair para atender telefonema de agradecimento do presidente do STF, Ricardo Lewandowiski.

Já Renan Calheiros — acossado pelos boatos de que trabalhou contra a indicação da presidente Dilma Rousseff para o Supremo — viu-se obrigado, antes de iniciar a sessão de ontem, a reafirmar que como presidente do Senado age com “total imparcialidade” no encaminhamento dos temas em debate na Casa.

Havia versões para todos os lados acerca dos movimentos de Renan. Magno Malta (PR-ES), que votou contra Fachin, disse que após a proclamação do resultado ouviu do presidente do Senado: “Turma sem coragem.”

Já Raimundo Lira (PMDB-PB) insistia: “Sou muito próximo do Renan. E ele nunca me pediu voto neste caso. Não conheço um só senador a quem ele pediu.”

Tendo pedido ou não, o fato é que Renan e Eunício saíram da votação nitidamente com humores diferentes diante da aprovação de Fachin com larga margem de votos no PMDB.

Os dois, por sua vez, não alimentarão versões de que estão em rota de colisão. Não interessa ao líder do PMDB no Senado promover uma briga com o presidente da Casa e  forte cacique no seu partido. E a recíproca também é verdadeira.

Mas a verdade é que o clima no PMDB não anda dos melhores, desde que Renan e o vice-presidente da República e coordenador político do governo, Michel Temer (PMDB), entraram em guerra aberta por causa do comando do Ministério do Turismo. Temer desalojou o ministro indicado por Renan para colocar o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Desde então, os aliados de Renan suspeitam que Temer e o Palácio do Planalto decidiram inflar o poder de Eunício. Uma forma de incentivar o líder a manter o apoio do PMDB do Senado ao governo federal, apesar dos ataques explícitos e cada vez maiores de Renan Calheiros à política econômica.

Já os aliados de Eunício reclamam que Renan tem batido na tecla de que o PMDB não deveria aceitar cargos no governo como forma de chamar atenção para o fato de que o líder acaba de ser presenteado pelo Palácio do Planalto com a nomeação de Marcos Holanda para presidente do poderoso Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Fonte: Blog do Tales Faria

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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