Quem é o político que fez a investigação do ‘Rei do Lixo’ ser enviada ao STF

O político que fez a investigação da Operação Overclean, que mira os negócios do “rei do lixo” José Marcos de Moura, ser enviada da Justiça Federal da Bahia para o Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada foi o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA).

Moura, cujas empresas detém mais de R$ 1 bilhão em contratos para coleta de lixo em Salvador, é apontado pela PF como operador de uma quadrilha que teria desviado dinheiro de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) e a prefeituras, por meio de licitações fraudulentas e superfaturadas.

Já Elmar é primo do vereador da cidade baiana de Campo Formoso Francisco Nascimento, acusado de participar dos desvios, e que jogou uma sacola com mais de R$ 200 mil pela janela no momento da prisão, no início de dezembro.

A princípio, não havia evidências de envolvimento do deputado nos desvios de recursos.

Após a primeira fase da operação, porém, a PF descobriu no cofre do “rei do lixo” uma escritura de compra e venda de um apartamento de luxo da empresa da filha dele para o deputado.

O empresário e Elmar mantiveram relação de proximidade nos últimos dois anos, incluindo o período próximo à deflagração da operação da PF.

Para os investigadores, o valor do imóvel nos documentos está abaixo do mercado, o que pode indicar que ele fez parte de algum tipo de acerto. A suspeita também se baseia em mensagens entre os envolvidos.

A PF agora quer autorização do Supremo para continuar investigando Elmar, que tem foro privilegiado por ser deputado federal.

A investigação, porém, está parada desde que o pedido foi feito, para não dar brecha a futuros questionamentos que levem a nulidades do caso.

O esquema do “Rei do Lixo”alcançava 17 estados e dezenas de municípios, sempre em locais em que seu partido, o União Brasil, tinha influência. A constatação foi feita pelos investigadores a partir da análise dos documentos apreendidos em um avião alugado por Moura, interceptado em Brasília com R$ 1,5 milhão em dinheiro.

Além da Bahia, epicentro da operação da Polícia Federal, Moura expandiu o esquema para Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Pernambuco e Amapá, entre outros. Em todos esses locais o União ou é o partido do governador e do prefeito ou administra alguma secretaria.

Na última sexta-feira (17), o caso foi distribuído em sorteio eletrônico para o ministro Kassio Nunes Marques. Atualmente, o processo está na Procuradoria-Geral da República (PGR), onde aguarda parecer.

A equipe da coluna procurou Elmar e a sua assessoria para se manifestar sobre as acusações, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Fonte: O Globo/Coluna de Malu Gaspar 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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