PT deve trocar marqueteiro de Lula em campanha, e Franklin Martins perde força

Um orçamento milionário e uma disputa interna pelo controle da comunicação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem provocar a queda do marqueteiro Augusto Fonseca, o responsável pelo marketing do candidato do PT ao Palácio do Planalto. A troca representaria uma derrota do ex-ministro das Comunicações, Franklin Martins, que bancou o nome de Fonseca. O publicitário Sidônio Palmeira é o nome mais cotado para assumir o programa de TV e as peças da campanha de Lula ao Palácio do Planalto.

Setores da legenda ligados à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e ao secretário Nacional de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, já cobravam a saída de Fonseca. Pesou na decisão a pedida de R$ 45 milhões para fazer a campanha de Lula, valor considerado muito além da realidade financeira do partido desde que foram vetadas as doações de empresários a campanhas eleitorais, em 2016.

O valor é comparado por petistas com as pedidas de Duda Mendonça, que fez a campanha de Lula em 2002 ao Planalto. Fonseca, aliás, tem um histórico com Mendonça, com quem trabalhou em diversas campanhas eleitorais. Sua agência fica no mesmo prédio onde Duda Mendonça sediava sua empresa, em São Paulo.

Um dos sócios, Eduardo Freiha, foi condenado no mensalão por evasão de divisas sob a acusação de ser o procurador de contas no exterior de Mendonça que receberam dinheiro não declarado no valor de US$ 2,5 milhões. A pena foi extinta em razão da prescrição.

Dirigentes da legenda também reclamavam da qualidade das peças. Até mesmo o slogan “Se a gente quiser, a gente pode” recebeu ataques por ser semelhante ao emblemático “Yes, we can”, da campanha de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. Nos bastidores, dirigentes do PT que se posicionaram ao lado de Tatto dizem que Lula aparece nas inserções de TV com “ar cansado” e sem mostrar esperança, palavra-chave da campanha.

Afirmam, ainda, que os comerciais não passaram pelo crivo de pesquisas qualitativas, que medem as impressões dos eleitores. Ao Estadão, integrantes da campanha dizem que as inserções de Lula tinham um foco no “passado” e pecaram em passar a ideia de que o petista representa uma “esperança” para o País.

Questionado pelo Estadão, Augusto Fonseca não se manifestou, mas enviou um texto à reportagem que contém duras críticas a Tatto. Intitulado de “Dinastia Tatto incendeia base do PT”, o texto do jornalista Luís Costa Pinto afirma que Tatto “controla a maior parte do diretório paulistano” da legenda, e é “combatido por alas petistas em razão dos métodos que adota na prática política”. O texto foi enviado por Fonseca ao Estadão nesta quarta, 20, após ser questionado sobre sua permanência na campanha de Lula. Como mostrou o Estadão, Tatto trava uma disputa pelo controle da campanha com o ex-ministro das Comunicações, Franklin Martins.

Sidônio Palmeira

Amigo do senadorJaques Wagner (PT-BA), Sidônio Palmeira atuou na campanha do ex-prefeito Fernando Haddad à Presidência, em 2018. O publicitário também deverá levar para o comitê de Lula o baiano Raul Rabelo, seu sócio na agência Leiaute, em Salvador.

No início da campanha, Tatto afirmava que o marketing de Lula seria “estatizado” dentro do PT. Ou seja, feito pelos próprios quadros do partido. Na contramão desta ideia, Franklin fez um levantamento de três projetos para a campanha. Augusto Fonseca era um deles, e foi o favorito do ex-ministro. Quando escolhido, em fevereiro, o nome do marqueteiro foi endossado também por Lula.

Na medida em que as insatisfações com o marqueteiro e, sobretudo, sua pedida, cresceram e ganharam coro no PT, uma ala do partido rompeu com o ex-ministro. Tatto e Franklin nem se falam. Ao Estadão, integrantes da campanha afirmam que, não raro, o ex-ministro entra em uma reunião “sem sequer dar bom dia” aos integrantes.

Uma ala do PT que apoia Tatto quer propor ao ex-presidente Lula que Franklin perca o papel central que ocupa na campanha para a área de Comunicação. No entanto, Franklin é um dos conselheiros mais próximos do ex-presidente, o que deve dificultar este movimento. Questionado, o ex-ministro não se manifestou. Tatto não quis se manifestar. A assessoria de imprensa do ex-presidente Lula afirmou que Fonseca “segue na campanha”.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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