Planalto teme que Cunha use impeachment de Dilma para recuperar apoio de tucanos

A movimentação do PSDB de defender, nesta semana, a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo acabou gerando uma preocupação a mais no Planalto que contava com um arrefecimento das investidas contra a presidente Dilma Rousseff neste final de ano. Isto porque, Dilma e seus auxiliares mais próximos temem que os tucanos tenham calculado o rompimento e esperam que, agora, Cunha os procure para recompor sua base.

Nesta nova posição, a única exigência a ser apresentada pelos tucanos ao presidente da Câmara seria o principal objetivo traçado pelo partido: dar início ao processo de impeachment de Dilma.  

Até agora, Cunha vinha atuando de forma ambígua, tentando fazer um leilão entre base e oposição, de acordo com parlamentares opositores, do seu poder constitucional de dar início ao processo de impeachment da presidente.

A decisão do PMDB foi vista pelo Planalto como um ultimato dado a Cunha com o objetivo de fazê-lo sair do jogo duplo para se sustentar no cargo. O governo espera uma contradança de Cunha para recuperar sua hegemonia na Câmara e que os pedidos de impeachment contra a presidente sejam usados agora para atrair o apoio de parlamentares de oposição.

Cunha aparentemente sentiu o baque do rompimento feito pelo PSDB, seguido pelo DEM, mas minimizou os efeitos dizendo que os tucanos nunca foram aliados seus.

O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), leu um manifesto, assinado por 54 deputados, apontando que as acusações são graves e impedem a permanência dele no cargo.

Depois dos pedidos de saída, o presidente da Câmara mobilizou sua tropa de choque para que organizassem um manifesto de apoio. O documento, com a assinatura de líderes de 13 partidos, foi lido pelo líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), um dos seus mais fiéis escudeiros.

O manifesto, no entanto, se mostrou desidratado em relação à votação que Cunha obteve em sua eleição. Ou seja, na prática, acabou indicando que ele perdeu aliados após as denúncias de corrupção serem explicitadas pela Operação Lava Jato.

Somados, os parlamentares das 12 legendas chegam a 231, ou seja, menos da metade do total de 513 deputados que integram a Câmara.

A contabilidade de possíveis apoios acabou produzindo cenas inusitadas no plenário da Câmara. O DEM não assinou o documento de apoio, preferindo acompanhar o PSDB no ultimato. No entanto, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse apoiar o presidente da Câmara, apesar da posição de seu partido.

O apoio de Maia, no entanto, acabou ofuscado pela falta de apoio do deputado Sílvio Costa, que, apesar de ser do PSC, reafirmou-se como principal opositor de Cunha e defensor de sua saída da Presidência da Câmara.

Fonte: iG

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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