Pesquisa eleitoral mexe com a Bolsa e chama atenção da CVM
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), entidade que regula o mercado de capitais, decidiu apertar o cerco à divulgação de pesquisas eleitorais, que vêm mexendo nas últimas semanas com as ações na Bolsa.
Ela está monitorando se algum investidor está tendo acesso antecipado aos dados das pesquisas. A preocupação é que os dados possam ser utilizados para especulação com o valor das ações.
Nas últimas semanas, o crescimento da intenção de voto dos candidatos de oposição foi um dos argumentos citados para justificar a alta de ações de estatais como Petrobras e Eletrobras.
A interpretação é que a oposição teria uma gestão mais eficiente e focada na geração de lucro dessas empresas do que o governo atual.
Vale lembrar que, nesse período, a valorização dos papéis de países emergentes como um todo tiveram alta.
A regulação da CVM sobre a divulgação de pesquisas eleitorais existe desde 2002, quando o mercado de capitais sofreu forte oscilação devido ao crescimento das intenções de voto ao então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva. À época, havia um temor de eventual rompimento de contratos por parte do PT, que não aconteceu.
É a primeira vez desde àquele ano que as pesquisas eleitorais têm tido impacto relevante no valor da ações.
“O uso de informações apuradas nas pesquisas, por parte das pessoas que a elas têm acesso antes de sua ampla divulgação, pode configurar uma vantagem indevida nas negociações”, diz a resolução da CVM, de 2002.
As pesquisas costumam ser contratadas por associações patronais como a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a CNT (Confederação Nacional do Transporte), além de instituições privadas, visando acompanhar a corrida para o Planalto.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) exige que as pesquisas eleitorais sejam registradas previamente com cinco dias de antecedência da publicação, feita pela imprensa. Dessa forma, os interessados podem monitorar a realização das enquetes e a divulgação dos dados.
PUNIÇÃO
Quando há suspeita de “vazamento” de pesquisa eleitoral, a CVM pode abrir um processo administrativo para investigar o caso.
As punições vão desde uma simples advertência até a suspensão ou a proibição de atuação no mercado para aqueles que se beneficiarem com a informação.
Questionada, a CVM confirmou que monitora informações que possam afetar “as condições de funcionamento regular do mercado”.
Fonte: Folha de São Paulo