Para empresários, medidas do governo têm muita política e pouco efeito

Diante da piora no cenário econômico deste ano, empresários estão classificando o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff como um período de muito “fato político, mas de efeito zero” nas medidas voltadas para tentar reativar a economia.

Na avaliação do setor privado, não adianta o gover- no federal lançar medidas que dependam de recursos do governo federal, por- que eles simplesmente acabaram. Nas palavras de um empresário, é o mesmo que ficar gerando ilusões que não se confirmam.

Um exemplo citado é o lançamento do programa Minha Casa Minha Vida 3, previsto para o segundo semestre, que deve prometer a construção de mais 3 milhões de casas e depende de caixa do governo para ser tocado.

Especialistas do setor consideram que, na melhor das hipóteses, as primeiras contratações de obras dessa nova fase do programa vão acontecer apenas no final do próximo ano.

O mesmo está acontecendo com o plano de concessões, que dificilmente terá leilão neste ano.

No caso do Minha Casa Minha Vida, o governo foi obrigado a acertar com o setor um cronograma para jogar para o ano que vem cerca de R$ 1,6 bilhão de pagamentos.

Ou seja, o Planalto não está conseguindo honrar os compromissos da fase atual e já fala no lançamento da próxima, o que soa irreal.

O melhor caminho, na avaliação de empresários com trânsito no Palácio do Planalto, seria o governo ter montado uma pauta de medidas para destravar inves- timentos, como fim de en- traves ambientais e indígenas, desburocratização dos processos de concessões e liberdade para que o setor privado defina as taxas de retornos nos leilões de rodovias e ferrovias.

Essas medidas deveriam ter sido anunciadas, segundo empresários, juntamente com as medidas do ajuste fiscal e antes da nova fase do programa de concessões.

Sem elas, argumenta o setor privado, a tendência é que boa parte dos projetos demore para sair ou nem saia, como ocorreu no primeiro programa do governo.

Indicadores

As queixas da falta de medidas que realmente reaqueçam a economia aumentaram ainda mais diante dos últimos dados indicando que o ajuste fiscal vai patinar, a dívida pública vai subir, a inflação permanece resistente e o governo está colecionando uma série de passivos com o Congresso numa fase de total fragilidade política.

O próprio governo já começa a trabalhar com uma retração da economia que possa superar as suas previsões atuais, de contração de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff.

Economistas de grandes empresas já falam numa queda de 1,5% do PIB.

No mercado financeiro, os mais pessimistas falam numa retração ainda maior: 2% ou até mais.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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