Dependência do mercado interno deixou setor automotivo fragilizado

Os dez anos seguidos de crescimento do setor automotivo, entre 2003 e 2013, encobriram questões que resultaram no colapso atual. O problema vai além da queda nas vendas. É preciso voltar no tempo para achar seu início.

No fim dos anos 1990, com a instalação de novas fábricas de montadoras como Renault, Honda, Toyota e PSA (Peugeot e Citroën), houve um crescimento no número de vagas do segmento, incluindo aí as expansões de marcas já estabelecidas e dos fornecedores de peças.

Eram investimentos pesados, baseados no potencial futuro do mercado e aproveitando incentivos para a industrialização.

Vale lembrar que o cenário não era bom quando a produção de boa parte dessas novas unidades teve início, entre os anos de 1998 e 1999. As montadoras, que trabalham com projeções de longo prazo, apostaram no que estava por vir e acertaram.

Com as vendas em alta, o Brasil começou a subir no ranking dos maiores produtores de automóveis. O mercado interno se bastava, e o real valorizado estimulava a importação de componentes, ao mesmo passo que enfraquecia as exportações de veículos prontos.

Aí vieram os erros. Sem pensar no mercado externo e focada na produção de veículos compactos, a indústria automotiva perdeu em competitividade global, enquanto outros países apostaram na internacionalização.

A dependência das vendas internas fez o setor sofrer fortes abalos diante de qualquer retração. Vieram as reduções pontuais de impostos, que estimulavam as vendas e ajudavam as montadoras a recompor as margens de lucro.

Agora, sem auxílios fiscais ou um plano sólido para aproveitar a desvalorização do real e voltar a exportar, o segmento não encontra alternativas para escoar seus carros diante dos receios dos consumidores, que estão comprando menos.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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