Otimismo no mundo, cautela no Brasil — o relatório do FMI

A economia global continua sua recuperação após crise de 2008 e tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos, em sua maioria, mostram um crescimento maior do que o previsto no primeiro trimestre. Esta é a conclusão do novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta segunda-feira, que manteve as projeções de crescimento global em 3,5% em 2017 e de 3,6% em 2018.

Apesar das previsões gerais se manterem inalteradas, o FMI reduziu as previsões para os Estados Unidos, enquanto aumentou a projeção de crescimento para a China. Além disso, o FMI afirma que, enquanto os riscos para a economia no curto prazo estejam equilibrados, ainda há potenciais problemas no médio prazo.

Confira os principais pontos do relatório a seguir:

América Latina e Brasil
Depois de contrair 1% em 2016, a economia na América Latina deve se recuperar gradualmente em 2017 e 2018, na medida em que Argentina e Brasil saírem da recessão.

Como o crescimento do Brasil no primeiro trimestre (de 1%) foi maior do que o projetado pelo FMI, o órgão revisou em 0,1% a previsão de crescimento do país para 2017. A expectativa agora é de uma expansão de 0,3% da economia neste ano.

Apesar dessa alta, para o FMI a fraqueza contínua da demanda doméstica brasileira e o aumento da incerteza política “refletirão em um ritmo de recuperação mais moderado e, portanto, em um menor crescimento projetado em 2018”.

Com isso, a expectativa de crescimento para 2018 foi revisada de de 1,7% para 1,3%. A previsão é bem mais pessimista que a de economistas consultados pelo último Boletim Focus, que preveem um avanço de 2% da economia no próximo ano.

Estados Unidos
O FMI reduziu tanto a projeção de crescimento para este ano quanto para o próximo. Para 2017, o número foi revisado de 2,3% para 2,1% e para 2018 de 2,5% para 2,1%. O principal fator por trás da revisão, especialmente para 2018, é o pressuposto de que a política fiscal americana será menos expansionista do que o anteriormente previsto.

O presidente Donald Trump, vale lembrar, se elegeu com promessas de estimular a economia com redução de impostos e aumento de gastos em infraestrutura, mas, passados seis meses de sua gestão, nenhum plano foi detalhado. Apesar de o relatório do FMI não citar o nome de Trump, ele afirma que “as expectativas do mercado de estímulo fiscal também diminuíram” no país.

China
Após divulgar um surpreendente crescimento de 6,9% no primeiro trimestre, as projeções do FMI para o avanço da economia chinesa também foram revisadas. A previsão de alta do PIB para 2017 passou de 6,6% para 6,7% (mesmo crescimento de 2016) e de 6,2% para 6,4% em 2018. A revisão do PIB para o próximo ano se deu principalmente por conta da expectativa de que o governo chinês adiará seu ajuste fiscal e manterá o alto investimento público para chegar ao objetivo de duplicar seu PIB de 2010 até 2020.

Zona do euro
No Reino Unido, após o fraco PIB do primeiro trimestre (alta de 0,2%), a projeção de crescimento para este ano foi revisada pelo FMI para 1,7%, ante os 2% previstos anteriormente. Para outros países como França, Alemanha, Itália e Espanha, onde o PIB do primeiro trimestre superou as expectativas, as projeções foram revisadas para cima. Com isso, a projeção de crescimento para a zona do euro neste ano passou de 1,7% para 1,9% e a de 2018 de 1,6% para 1,7%.

Riscos
Os riscos para a economia global no curto prazo são “amplamente equilibrados”, segundo o FMI, mas no médio prazo ainda há possíveis problemas. Um dos riscos citado é o prolongamento da incerteza política.

“Apesar de um declínio nos riscos relacionados às eleições, a incerteza política permanece em um nível elevado e poderia aumentar ainda mais, refletindo – por exemplo – em dificuldades de se prever a política regulatória e fiscal dos Estados Unidos, negociações de acordos pós-Brexit ou riscos geopolíticos. Isso pode prejudicar a confiança, impedir o investimento privado e enfraquecer o crescimento”, diz o relatório.

Entre os riscos na parte financeira está a economia chinesa, que pode desacelerar mais fortemente, ou ainda uma aceleração maior do que a prevista na normalização da política monetária nos Estados Unidos. Ou seja, o risco é que os Estados Unidos tirem o pé do freio e decidam subir mais rapidamente a sua taxa de juros, o que poderia desencadear reversões nos fluxos de capital para as economias emergentes, juntamente com a apreciação do dólar.

 

Fonte: EXAME

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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