Os idiotas estão de plantão, mas são apenas idiotas – Maurílio Fontes – Opinião
Em uma frase brilhante, graças à sua cultura, Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro de Estado de duas pastas, rememorou um dos maiores jornalistas do Brasil, Nelson Rodrigues, irmão de outro jornalista igualmente famoso, Mário Filho, cujo nome foi emprestado ao velho Maracanã, “o maior estádio de futebol do mundo”, tão decantado nas narrações inesquecíveis de Waldir Amaral, Jorge Khoury e Doalcei Bueno de Camargo.
Nada mais visceral para definir os idiotas de hoje: “Ele [o escritor Nelson Rodrigues] dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento”.
A internet é uma conquista da humanidade. Não há dúvida. Inúmeras possibilidades se abriram com a existência da rede mundial de computadores. Nada contra.
Contudo, ao “transformar” aqueles usam a língua portuguesa de forma rasteira, eivada de erros crassos, em (pseudos) comunicadores, ela deseduca e constitui uma ameaça àqueles que “bebem” em fontes pouco confiáveis. Quem escreve, tem imensas responsabilidades sociais. Mas os idiotas atiram para todos os lados e não acertam o alvo, muito pelo contrário, massacram a língua, um dos maiores patrimônios imateriais do povo.
A contribuição que eles, os blogueiros, não afeitos às críticas e sensíveis demais, poderiam oferecer à sociedade se esvai no uso indevido das palavras. Mas os idiotas se acham o máximo, moralistas, vigilantes do uso da res pública (por favor, idiotas, não confundam com República, termo surgido mais adiante na história da humanidade, embora a raiz etimológica dos dois termos seja a mesma).
Não se pode levar a sério quem confunde – coisa básica para alunos minimamente aplicados que passaram pelo primário e pelas séries seguintes – dar, que é o verbo no infinitivo, com dá, que é a conjugação do mesmo verbo na terceira pessoa do singular. Um erro desta natureza em um título (aprendi nas redações que é sempre preciso contar com os revisores, coisa em desuso nos jornais), é verdadeiro atentado à língua com muitos megatons de potência.
A “cultura do GOOGLE” substitui perigosamente os dicionários. Quem conviveu com grandes jornalistas – e convive – sabe que um bom texto é mais do que a mera junção de palavras. Sabe também que o texto obedece a questões de natureza estética, embora a premência do tempo, que exige notícias “frescas”, contribua para diminuir a qualidade final. Há que se lutar contra isso.
Os idiotas confundem assessor com consultor. Não há demérito em ser assessor. Mas o exercício da consultoria indica que o profissional alcançou outro patamar em sua trajetória, depois de anos de experiência prática em diversas regiões da Bahia, estudos acadêmicos, palestras em seminários de comunicação, presença em sala de aula como professor, artigos publicados em importantes jornais baianos e do Brasil e, acima de tudo, pela utilização da máxima filosófica do “só sei que nada sei”.
Uma indicação literária: leiam, caros idiotas, “O Grande Mentecapto”, de Fernando Sabino, homem afeito às letras. Certamente, será uma leitura didática.
Jactam-se de propulsores da vitória eleitoral. Deveriam ler mais livros sobre teorias da comunicação, começando pelos detratores da “teoria da agulha hipodérmica” (e mesmo por ela), tão em voga nos anos 20/30 do século passado, mas que caiu em desuso nas quadras seguintes.
Nem mesmo os mais importantes consultores políticos – a exemplo de Joseph Napolitan, o maior de todos – conseguem manipular a opinião pública. Portanto, todos nós somos partícipes de vitórias e derrotas eleitorais (já estive nos dois lados). E aprendi muito mais nos momentos difíceis do que com os sucessos em dezenas de campanhas eleitorais (em 2012 participei de campanha vitoriosa em Porto Seguro).
Os idiotas buscam as faturas como se a eles, somente a eles, coubesse a vitória eleitoral, prevista há muito tempo por quem estudou – e teve como mestres Joviniano Neto, Gey Espinheira, Albino Rubim, Luciana Fernandes Veiga, Eduardo Saphira, Helcimara Telles, Simone Bortoliero, dentre outros comunicólogos e cientistas políticos – muito nos últimos 30 anos.
Tal qual biruta de aeroporto, os idiotas mudaram, abruptamente, de posição política e passaram a elogiar aquela que antes era o alvo predileto da cruzada moralizadora dos costumes políticos. As críticas pretéritas tinham até certa coerência, embora resvalassem para o baixo nível, próximo do esgotamento sanitário.
Mas este contorcionismo verbal não cola, e o leitor – atento como sempre -, já percebeu que o canto da sereia cativou os arautos da moralidade. Não há como explicar, pois a eles falta a alma machadiana, como também a verve de Carlos Drummond de Andrade.
Em algum momento tiveram a veleidade de serem os “maiorais” (jargão das décadas de 60 e 70). Mas não passam de bobinhos da corte que querem fazer parte de um jogo para o qual não estão preparados.
Com uma boa professora de língua portuguesa, que terá trabalho árduo à frente, estudos de teorias comunicacionais e contatos com mestres da área restarão algumas possibilidades a eles, os idiotas, travestidos de arautos do bem comum. Que expliquem o acordo com uma pessoa que detém poder econômico (fontes já confirmaram ao Alagoinhas Hoje a existência do encontro). Há que se ter, tal qual Nelson Jobim, tolerância e compreensão com os idiotas (“eles escrevem para o esquecimento”). Mas não se pode aceitar suas idiotices.
Maurílio Lopes Fontes
Radialista – DRT/BA – 5701
Jornalista – DRT/BA – 4386
Administrador de Empresas – CRA/BA 8971
Licenciado em História
Bacharel em Marketing ( não há registro, pois não existe Conselho Federal de Marketing)
Especialista em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública
Especialista em Metodologia do Ensino Superior
Mestrando em Ciência Política e Governação