Os desafios de Joaquim Neto – Maurílio Fontes

Todo político no exercício de mandato executivo enfrenta grandes desafios. Nisso não há novidade. Mas quando se elege com pouco mais de um terço dos votos válidos os desafios são ainda maiores.

Este cenário está muito próximo de nós: Joaquim Neto (DEM) foi eleito com um terço dos votos válidos e, em tese, conta com a má vontade de mais de 60% do eleitorado.

Conquistar parte de seus críticos, não perder aliados e fazer uma administração que atenda as demandas dos vários segmentos da sociedade alagoinhense são os grandes desafios do atual governo.

Para isso, é fundamental ter muita clareza a respeito das táticas e estratégias da administração no campo da gestão e na área política.

Governos bem sucedidos são aqueles que conseguem equilibrar as ações, maximizando os resultados finais das realizações, construindo com zelo de artesão sua imagem e se comunicando de forma adequada.

Neste sentido, o marco do centésimo dia (quase ninguém sabe que os 100 dias estão vinculados historicamente ao ex-presidente americano Franklin Delano Roosevelt, que em março de 1933, no ato de sua posse, solicitou este prazo do Congresso dos EUA) foi um erro quase juvenil que poderia ter sido evitado ao estilo ACM Neto.

Quando questionado, no início de seu primeiro mandato, em janeiro de 2013, sobre suas realizações, o prefeito soteropolitano afirmou que deveria ser cobrado ao final da gestão e não no começo.

Joaquim Neto, ao contrário, arrumou uma camisa de força para si mesmo, inflando de argumentos seus críticos que passeiam livremente pelas redes sociais com cobranças variadas, umas justas e outras fora do tom, por total falta de entendimento acerca dos meandros da gestão pública.

Na atualidade, governos municipais (para ficarmos em nosso espaço) enfrentam um grande desafio contemporâneo: as redes sociais que pululam diariamente, permitido que todos se expressem e “estabeleçam” agendas, confrontando-as com aquelas que compõem o cardápio oficial.

Tal possibilidade é uma moeda de duas faces.

Se por um lado democratiza a produção de conteúdo, de outro, e este é o mais perceptível, abre um veio para a propagação de sandices. Mas é preciso lidar com elas.

Quem detém mandato executivo assumiu para resolver problemas e não para se lamentar dos malfeitos do antecessor.

No entanto, as ações não podem ser pautadas pelo espontaneísmo diário, como se a cidade não exigisse planejamento e a complexidade de seu espaço não demandasse uma nova realidade administrativa.

O delicioso prato feijão com arroz não aplacará a fome por obras e ações. É preciso complementar o cardápio, oferecendo alternativas para todos os gostos (e necessidades).

Os 100 dias de governo já estão no passado.

Agora, após o vinho e o bacalhau  é preciso mais ousadia.

Uma frase de Franklin Delano Roosevelt poderia ser bom ensinamento: “Então, primeiro de tudo, deixe-me afirmar a minha firme convicção de que a única coisa que temos a temer é o próprio medo”.

O governo do prefeito Joaquim Neto precisa definir quais as metas para cada ciclo anual e, no conjunto, para seus 48 meses de administração.

A ampulheta do tempo não para e é uma grande adversária de quem está no poder.

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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