Os desafios de Joaquim Neto – Maurílio Fontes

Ao completar neste dia 31 de março 27 meses de mandato o prefeito Joaquim Neto tem grandes desafios, de proporções hercúleas.

Os 100 dias ficaram no passado e não resta muito tempo para aprumar o governo, dando-lhe feição aceitável para a maioria da população alagoinhense.

A saúde, mergulhada no caos, é o grande nó górdio (aquele que é quase impossível de desatar) do joaquinismo. E não é de hoje. O prefeito não soube escolher os titulares da Secretaria de Saúde. Mas isso não é o mais grave.

Ele não foi capaz de definir políticas públicas para a área de saúde, com começo, meio e fim, capazes de retirá-la da UTI na qual está internada.

Uma saúde administrativamente doente não pode cuidar como deveria dos pacientes que precisam dos serviços públicos.

No início de maio do ano passado pesquisa de opinião registrou que a saúde era rejeitada por 62% da população.

Em 11 meses, não se pode negar, o cenário piorou muito, apesar dos investimentos da administração joaquinista estarem acima do piso de 15%. Investe-se muito, mas os investimentos não resultaram na melhoria da prestação dos serviços.

A saúde pública municipal é um deserto escaldante que só oferece desconforto aos usuários.

O governo não conseguiu resolver “coisas” básicas e dificilmente conseguirá encontrar soluções que encantem a população.

Encantar a comunidade é quase um dever de quem pretende disputar a reeleição. Desencanto, em sentido contrário, na política, para quem exerce mandato executivo, rima com derrota.

Outras secretarias, a exemplo da SECET, SECIN e SEMAG não conseguiram alcançar o nível de excelência que catapultaria a gestão para níveis de aprovação capazes de transformar o prefeito em figura chave na disputa sucessória.

A força atrativa gravitacional da máquina não será suficiente para assegurar apoios se a avaliação positiva do governo estiver abaixo de 40%.

Na literatura do marketing político está anotado, a partir de históricos eleitorais, que o mandatário que não superar este índice mágico estará fadado ao fracasso eleitoral. Com 50% de aprovação já não seria tranquila a reeleição.

No início do segundo trimestre do terceiro ano de governo, a política, necessariamente, está na pauta governamental e compõe o cardápio diário das atividades do joaquinismo, que ao longo de 27 meses mostrou ser errático e não ter linhas consistentes de atuação.

Uma certa desordem administrativa pode ser a causa dos erros cometidos, mas existem razões mais profundas, disseminadoras do hipotético divórcio entre o gestor e a população, patenteado nas redes sociais, cristalizando visão negativa sobre o governo.

As ações positivas, que não são poucas, acabam sumindo e têm peso de uma pena no cenário avaliativo do governo.

O que é ruim cola com facilidade impressionante. Aquilo que é bom encontra resistências cavalares e não impacta qualitativamente no complexo processo de formação da imagem da administração.

Ao prescindir desde os primeiros dias do seu governo de uma comunicação profissional (aqui não faço referência aos jornalistas que assumiram funções importantes na SECOM, mas à falta de estruturação da pasta), o prefeito jogou sua imagem na cova dos leões.

Um dos grandes erros de Joaquim Neto foi não ter percebido que precisaria conquistar fatias de eleitores que votaram em Sônia Fontes e não perder aqueles que optaram por seu nome em 2016. Não fez uma coisa e nem outra.

Perdeu-se tanto no labirinto administrativo quanto na gestão da política.

O rompimento com o grupo do deputado federal Paulo Azi é prova cabal de que falta ao governo avaliação estratégica, análise de PFOA (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) e capacidade para entender a complexidade da cidade e de suas forças sociais, econômicas e políticas.

Alagoinhas e Sátiro Dias são diametralmente opostas em termos sociais, econômicos e políticos.

Raciocínios simplistas não cabem em Alagoinhas e não são capazes de desvendar a sua complexidade.

Se não mudar suas abordagens, atitudes, forma de governar, de lidar com o contraditório, de forjar amálgama com as forças políticas, o prefeito Joaquim Neto enfrentará turbulências nos próximos meses, decisivas, se não superadas, para diminuir suas chances no jogo sucessório.

Quem está na política tem grande desafio: conquistar mentes e corações.

É uma tarefa hercúlea nesta quadra da trajetória executiva de Joaquim Neto.

O prefeito conseguirá superar tantos problemas e desafios em tão pouco tempo?

 

Foto: SECOM/PMA

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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