‘Não estamos falando a mesma língua’, diz Guedes sobre governo e Congresso

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o governo e o Congresso não estão falando a mesma língua. Em entrevista à Veja, ele pediu união do Executivo e do Legislativo para impedir a desaceleração do país.

Além de reconhecer que falta comunicação com os parlamentares, Guedes fez mea-culpa devido à demora em enviar as reformas administrativa e tributária e defendeu que os textos sejam apreciados com celeridade para contar o impulsionamento da crise por conta do coronavírus.

“O mundo está em desaceleração sincronizada e o Brasil em plena decolagem. O coronavírus freia ainda mais o mundo e começa a nos ameaçar também. Há alguma forma de responder de imediato à crise? Não. É por isso que a gente precisa das reformas, para nos dar espaço fiscal. Se promovermos as reformas, abriremos espaço para um ataque direto ao coronavírus. Com 3 bilhões, 4 bilhões ou 5 bilhões de reais a gente aniquila o coronavírus. Porque já existe bastante verba na saúde, o que precisaríamos seria de um extra. Mas sem espaço fiscal não dá”, disse.

Em sua avaliação, a melhor forma de acelerar esse processo é “cada um fazendo sua parte”. “Pelo nosso lado, do Executivo, temos de mandar logo as reformas administrativa e tributária. Pelo lado do Congresso, eles precisam desentupir o que estão sentados em cima, que é o novo marco regulatório do saneamento, o da energia elétrica, o da infraestrutura. Agora é a hora de cobrarmos uns aos outros, no bom sentido. Sei que o Congresso é reformista. Então, acelere o ritmo. Precisamos acelerar a tramitação das nossas reformas para escapar desse buraco negro que a economia mundial está armando”.

E acrescentou: “De fato, temos um problema de comunicação. Não estamos falando a mesma língua. A entrada do orçamento impositivo, por exemplo, causou um enorme atrito, um enorme mal-­estar. O Congresso está querendo reassumir as prerrogativas de controle dos orçamentos públicos, o que numa democracia, numa República Federativa, é desejável. Por outro lado, o sistema é presidencialista. Caso se retirem os carimbos dos recursos, desvinculem-se os fundos, surge um espaço para a ação política. Agora, se, em vez disso, um poder avançar sobre os recursos do outro poder, aí começará um desentendimento. Temos de nos unir. Mas, apesar de tudo, penso que estamos próximos de nos acertar”.

 

Fonte: bahia.ba

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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