Mutuários devem renegociar dívida em caso de inadimplência

Levante a mão quem nunca atrasou uma parcela de  financiamento – seja ele de um móvel, imóvel ou automóvel. Ainda mais em tempos de arrocho econômico como esse. A boa notícia é que as construtoras, segundo os especialistas, estão de portas abertas e criando soluções para atender aquele adquirente que, no meio do caminho, se viu no aperto.

Por telefone ou chat, na internet, presencialmente ou e-mail, todos os “canais” estão disponíveis, afirmam os analistas. Tem incorporadora oferecendo seis meses de carência para o cliente que acabou de perder o emprego e o exemplo da MRV, que firmou acordo com a Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor, com o objetivo de aperfeiçoar as relações de consumo entre a empresa e o público.

“As empresas, mais do que nunca, estão abertas ao diálogo procurando equacionar os débitos com os clientes. Notadamente nesse momento de crise é preciso negociação, pois o pior negócio mesmo é o distrato (rescisão do contrato de compra do imóvel)”, afirma o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Luciano Muricy.

Gerente comercial da Via Célere Brasil, Sabrina Motta afirma, por sua vez,  que, na sua “leitura”, não nota um aumento na inadimplência, mas que é comum, por exemplo, cliente precisar renegociar as chamadas prestações “intermediárias” – cujo valor é mais alto.

“É muito comum uma situação de descontrole (financeiro) por parte do consumidor e, principalmente agora (na crise), não podemos engessar as relações. Aqui na Via Célere temos um setor de atenção ao cliente, no qual ouvimos as suas demandas e procuramos soluções caso a caso”, diz.

Controle de gastos

De acordo com o educador financeiro e professor da Unime André Amorim, a grande oferta de crédito realizada entre os anos 2012 e 2013 “ajudou” para o endividamento das famílias, com a maioria  gastando além da sua capacidade de pagamento.

“O máximo de 30% da renda da família pode estar comprometida com moradia. Se você extrapola esse valor, começa a ficar algo preocupante. O ideal é sentar com calma e detalhar um orçamento pessoal. Colocar no papel quanto se ganha e pode gastar no mês, informando gastos mínimos, como o lanche na rua, até as contas principais”.

Ainda de acordo com Amorim, o próximo passo é tentar otimizar os gastos e cortar despesas. Por último, e não havendo outra saída, a terceira etapa é ver quais as alternativas do financiamento.

“Uma medida pode ser tentar um acordo com o banco, ou ainda alugar o imóvel financiado para que ele mesmo possa se pagar durante o período de aperto financeiro. E aqui, uma última dica: o ideal é contar com um profissional corretor experiente, para evitar ainda mais dor de cabeça com atrasos no recebimento (do aluguel) ou até calote”, diz.

“Mais fácil que pedir o distrato é procurar um acordo com a construtora ou o banco do financiamento. No caso das construtoras, elas podem trocar o imóvel financiado por um mais barato, menor, além de oferecer descontos”, conta o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação, Lúcio Delfino.

E cita o caso do mutuário com um débito no valor de R$ 470 mil que, depois de acordo, a dívida ficou em R$ 320 mil. “É possível negociar a dívida aumentando o tempo do financiamento, diminuir as parcelas. Tem ainda a opção de vender o imóvel financiado, sendo essa uma opção mais difícil. Porém não impossível”, diz.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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