Ministro diz que o governo terá que reduzir gastos ou aumentar impostos
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse, na tarde deste sábado, que o governo não pode ficar em uma eterna ambiguidade. “Tem que decidir se quer reduzir gastos, controlar e melhorar a qualidade, ou se vamos continuar aumentando impostos”, afirmou.
Para ele, com o fim do ciclo das commodities, o aumento de produtividade do governo é um caminho. “Isso só vai acontecer também se todo mundo acreditar, não adianta só pedir sem pensar um pouquinho em como isso será alcançado”, considerou.
Levy disse ainda que o Brasil tem um caminho para o desenvolvimento, sendo que é preciso acertar as reformas estruturais. “O setor público precisa ter um olhar diferente para o gasto. Não é só cortar. Temos que ver o que queremos e como faremos e aí fazer escolhas. Não pode haver ambiguidades do governo e na sociedade”, afirmou em apresentação no 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais organizado pela BM&FBovespa em Campos do Jordão, interior de São Paulo.
O ministro da Fazenda disse ainda que o ajuste no curto prazo vem funcionando. “Tem reajuste de preços, você tem um acerto fiscal. E se toma medidas na política monetária para evitar que o acerto dos preços realimente a inflação, e isso vem acontecendo”, disse.
Suor
Levy disse que o “boom” das commodities acabou e que, a partir de agora, o País terá agora que viver do “suor do seu rosto”. “O Brasil tem tudo para continuar crescendo. Quando se fala que acabou o ciclo das commodities, todos ficam desapontados, como quando Adão e Eva foram banidos do paraíso. Mas a maior parte dos países vive do suor de seus rostos e acho que dá para viver bem assim”, destacou.
Um dos pontos que merece atenção, segundo o ministro, é trabalhar para a abertura da economia. “Precisamos melhorar, protegendo o que tem que ser protegido”, destacou em apresentação no 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais organizado pela BM&FBovespa em Campos do Jordão, interior de São Paulo.
Levy exemplificou que o Brasil tem alguns desafios a serem superados. Ele citou que os contratos de concessões precisam ser mais blindados, para dar disciplina ao legislador “de não fazer uma bondade a uma determinada empresa e depois ter que fazer o reequilíbrio econômico do projeto”. “Isso destrói a previsibilidade e está na agenda de reformas estruturais”, destacou.
CPMF
Ele evitou comentar direta e detalhadamente a proposta para a retomada de um tributo semelhante à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para financiar a Saúde, mas disse neste sábado (29) que se pudesse haver uma fonte estável por alguns anos, seria bom.
“A gente tem que criar as bases para o crescimento e enfrentar a realidade fiscal. A CPMF, se ela puder ser uma fonte estável por pelo menos alguns anos para a Saúde, pode ser bom”, disse o ministro após ter feito palestra no Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais organizado pela BM&FBovespa, em Campos do Jordão, interior de São Paulo.
“Se a gente trabalhar juntos para melhorar a gestão da Saúde, eu acho que são alternativas que temos que estar pensando”, continuou Levy.
Perguntado se vê a possibilidade de um consenso no Congresso para aprovar a volta da CPMF, o ministro se esquivou e disse que tudo precisa ser avaliado. “Como eu falei, temos que enfrentar a realidade, ver as alternativas. A gente quer certamente dar confiança para alguns setores”, afirmou Levy, argumentando ser positivo “conseguir tranquilizar o financiamento de alguns setores, sem que isso necessariamente implique muito em aumento de gastos, porque o que temos que fazer antes de qualquer coisa é melhorar a qualidade dos gastos”.
Questionado se o porcentual razoável da alíquota da nova CPMF seria 0,38%, Levy afirmou que ainda não sabe. “Eu não sei. Temos que olhar todas as alternativas”, disse.
Fonte: iG