Marina Silva defenderá Estado laico, PPPs e diálogo com agronegócio

Para tentar desfazer qualquer dúvida em relação ao posicionamento da sua candidata à Presidência da República, Marina Silva, que é evangélica, sobre questões de fundo moral, a campanha do PSB inseriu um capítulo específico no programa de governo para tratar de direitos de mulheres, aborto, homossexuais, ensino religioso nas escolas e uma série de temas relacionados a questões sociais.

De acordo com um dos coordenadores do programa de governo de Marina, o ex-deputado Maurício Rands, a orientação é não aceitar a inclusão de nenhum conceito religioso no documento. “Vamos seguir o que Eduardo Campos disse sobre esse tema: o Brasil precisa de mais tolerância”, disse Rands, que ressaltou que o posicionamento de Marina também vai na mesma linha, apesar de ela ser evangélica.

“Conversamos com Marina e ela foi bem clara. Disse que religião se ensina na igreja e, se o Estado é laico, a escola também é laica. Precisamos deixar bem claro que, se Marina vencer, o Brasil não vai sofrer um retrocesso aos tempos obscurantistas. Marina é aberta, culta, a convicção dela é o Estado laico”, disse Rands.

O texto final do programa de governo deve ser divulgado no final da próxima semana. O documento completo terá cerca de 240 páginas, mas uma versão compacta, com cerca de 20 páginas, também será distribuída. Além disso, a equipe trabalha em uma versão para a internet.

A chapa com Marina como candidata e o deputado Beto Albuquerque como vice será oficializada nesta quarta-feira (20), em Brasília, após a reunião da executiva do PSB. Marina assume a vaga de candidata deixada por Campos, morto na semana passada em um acidente de avião, em Santos, no litoral paulista.

PPPs

Outro capítulo do programa de Marina será dedicado à questão da infraestrutura. De acordo com Rands, o texto prevê o compromisso de investir um volume mínimo a cada ano em obras de infraestrutura no valor de R$ 150 bilhões. Outro ponto inserido no programa com o objetivo de “desfazer preconceitos” é o que prevê a adoção das Parcerias Público-Privadas (PPPs) para garantir o volume de investimento.

“Marina não oferece resistências às PPPs. Pelo contrário, não queremos fazer as PPPs de forma envergonhada como faz o governo da presidente Dilma Rousseff”, disse Rands.

Agronegócio

O coordenador também não faz segredo de que a campanha de Marina pretende passar uma “mensagem de maior tranquilidade ao mercado” e de que tem a intenção de dialogar mais com o agronegócio. A presença do deputado Beto Albuquerque como vice tem também essa função.

“Não podemos tratar 23% do PIB com preconceito. Não podemos ver 42% da exportações brasileiras com o olhar enviesado. O agronegócio no Brasil tem 26% do mercado de trabalho”, argumentou.

Sinais ao mercado

Rands não descartou a necessidade de sinalização para o mercado das posições de Marina sobre macroeconomia. Ele disse que ainda está em discussão no partido a divulgação de um “inventário”, nos moldes da Carta aos Brasileiros, divulgada pelo PT em 2002, que sinalizava manutenção dos princípios econômicos utilizados pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

Rands acredita que não há necessidade de divulgar algum documento com o objetivo de mandar o recado. No entanto, essa opinião não é da maioria do partido.

“A visão que o mercado tem da Marina atualmente não é igual a que tinha de Lula. Marina, já em 2010, apresentou um programa de governo com uma visão macroeconômica bastante responsável. Ela também esteve conosco em reuniões na CNI, na CNA, com setores da indústria de base e endossou o que Eduardo defendeu. Isso já foi uma sinalização forte”, argumentou.

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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