Líder do PSDB no Senado critica deputados tucanos aliados a Cunha

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), criticou duramente, nesta quarta-feira (14), a bancada tucana na Câmara por ter mantido o apoio ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após as denúncias de que ele possui contas secretas na Suíça, abastecidas supostamente com dinheiro de propina.

Para o tucano, o partido “pecou por lentidão” ao, mesmo após a divulgação de uma carta em que pedia o afastamento do peemedebista do comando da Casa, não ter desembarcado definitivamente do núcleo de apoio a Cunha. “Era para ter reagido mais rapidamente mas ainda há tempo para essa reação”, disse. “O PSDB da Câmara está errando”, completou.

Para Cássio, é preciso acompanhar o andamento do processo de quebra de decoro parlamentar apresentado nesta terça (13) pelo PSOL e Rede ao Conselho de Ética da Câmara contra Cunha.

“Agora é aguardar e cobrar o trâmite desse julgamento no Conselho de Ética para que a resposta para a sociedade seja dada e se acabe com esse leilão que está posto de quem dá menos pela ética”, disse.

Liderados pelo deputado Carlos Sampaio (SP), o PSDB da Câmara assinou no sábado (10) uma carta, em conjunto com outros partidos de oposição, em que pedia o afastamento de Cunha da Presidência da Casa.

No entanto, Sampaio se reuniu com Cunha no mesmo fim de semana para definir o script do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, como mostrou a coluna Painel.

Segundo Cássio, ele tentou falar com Sampaio por diversas vezes durante o feriado para tratar sobre a posição que o PSDB adotaria em relação às denúncias mas não obteve sucesso. “Ele sequer me retornou”, disse.

Por isso, o tucano irá propor ao presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), que convoque ainda nesta semana uma reunião da Executiva Nacional da sigla para que a postura do partido seja discutida.

“Não pode nem ficar na liderança da Câmara e nem na liderança do Senado. A executiva nacional do PSDB precisa se reunir para deliberar sobre isso. O que não pode é uma ética seletiva. Se nós queremos ética, ela tem que ser para tudo e para todos. Não pode ser para alguns de acordo com as nossas conveniências e interesses. Temos que ter coerência para apresentar os caminhos de mudança que o brasil precisa”, afirmou o senador.

Cássio defende que Cunha se afaste da presidência da Câmara enquanto é investigado.

“Ele pode, como tantos outros deputados e senadores, permanecer no plenário da Casa respondendo a inquéritos e ações penais porque há centenas de casos. Mas na condição de presidenta da Câmara ele não tem mais como exercer esse mandato pela peculiaridade do cargo e pela pedagogia péssima que se traz para a sociedade como um todo”, afirmou.

Cássio comparou ainda a situação de Cunha, que teria mentido à CPI da Petrobras quando disse não ter contas no exterior, a de Dilma, que é acusada pelos tucanos de ter mentido na campanha eleitoral.

“Nós combatemos muito a presidente Dilma e ela deve ser punida pelas mentiras que a levaram à presidência. Ela mentiu para o país inteiro e se elegeu presidente. Se critica o deputado Eduardo Cunha pelo fato de ele ter mentido na CPI. A mentira é ruim em qualquer lugar. É tão grave mentir em uma CPI quanto em uma eleição”, disse.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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