Inflação esfria venda de cerveja no Brasil
A inflação de alimentos e bebidas no Brasil já afeta as operações das grandes cervejarias globais.
A queda de 8,2% no volume de vendas da Ambev no primeiro trimestre no Brasil -pior desempenho trimestral desde 2005- puxou para baixo o resultado global da controladora AB Inbev.
As vendas globais da AB Inbev caíram 4,1% e o lucro antes de juros, impostos e depreciações (Ebitda) ficou abaixo do esperado: US$ 3,43 bilhões, ante estimativa de analistas de US$ 3,57 bilhões.
Na semana passada, a Heineken também reportou uma queda global de vendas em volume de 2,7%, sendo que, no Brasil, a cervejaria holandesa viu as vendas caírem no patamar de 4% a 6%.
O Brasil é o terceiro maior mercado para cervejas, atrás da China e dos EUA.
Segundo a Ambev, o consumo de cerveja no país caiu 7,1% no trimestre. Em março, a queda ficou entre 17% e 19%. E a perspectiva é que, neste ano, as vendas fiquem estagnadas ou caiam 1%.
“Além do Carnaval antecipado e do clima ruim, a indústria também foi impactada por uma inflação de alimentos mais alta e por uma desaceleração do crescimento da renda disponível”, informou a Ambev.
As vendas também foram afetadas pelo reajuste de preços, em termos reais, para compensar o aumento de tributos que entrou em vigor em outubro de 2012.
A empresa disse que já está se adaptando a um cenário de menor crescimento de volume e pretende reforçar a estratégia de produzir embalagens com preços mais acessíveis para aumentar a receita.
BEBIDAS PREMIUM
O foco em bebidas premium, com margens de lucro maiores do que marcas como Brahma e Skol, compensou apenas parcialmente a queda de 8,2% no volume de vendas. A receita por hectolitro subiu 8,6%, mas a receita líquida de cerveja caiu 0,3%.
Para o Credit Suisse, a política de preços adotada pela Ambev pode estar começando a prejudicar as vendas.
“A empresa pode citar vários argumentos racionais para explicar os volumes fracos, porém a penetração [das marcas] já é alta, há aumento de impostos, de concorrência nos supermercados, de portfólio com lançamentos [que reduzem retorno sobre capital investido] e o fato de que as marcas premium vão bem, mas sem causar impacto positivo”, diz o Credit Suisse em relatório a investidores.
BRF
A capacidade do mercado doméstico de absorver a alta de preços também preocupa a BRF, que divulgou resultados anteontem. “Estamos em boa condição no momento, mas preocupados, pois o mercado interno está com dificuldade de absorver volumes”, disse o presidente da empresa, José Antonio Fay.
Fonte: Folha de São Paulo