Governo quer foco na oposição em CPI mista da Petrobras

O governo vai adotar na CPI mista da Petrobras no Congresso a estratégia de blindar a presidente Dilma Rousseff e centralizar as investigações em assuntos que desgastam a oposição.

O modelo será o mesmo aplicado na CPI exclusiva do Senado, controlada integralmente por governistas, que tem como foco irregularidades nas gestões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).

Por orientação do Palácio do Planalto, os aliados da presidente vão tentar manter em funcionamento as duas CPIs simultaneamente.

A CPI do Senado vai acelerar depoimentos e convocações com o objetivo de esvaziá-los quando ocorrerem na comissão mista, com deputados e senadores, e onde a oposição aposta suas fichas para constranger o governo.

O PT prometeu indicar os integrantes da CPI mista na terça-feira (20).

A primeira reunião deve ocorrer apenas no dia 27 de maio, quando a CPI exclusiva do Senado já terá ouvido Graça Foster, presidente da Petrobras, e o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli, além de outras autoridades que já tiveram depoimentos aprovados.

DEM e PSDB boicotaram as investigações da CPI exclusiva do Senado porque defendem que elas ocorram apenas na comissão mista, onde terão 8 de 32 cadeiras.

Mesmo com o número expressivo de governistas, capaz de barrar convocações e temas que desagradam o governo, os oposicionistas afirmam que terão mais espaço para discursos e ataques à gestão do PT sobre a estatal.

“O PT vai continuar se desgastando se tentar impedir as investigações. A CPI do Senado é chapa branca”, disse Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência.
Líderes governistas afirmam que a inclusão de outros temas nas investigações, como a construção do Porto de Suape, não desrespeita decisão do Supremo Tribunal Federal de centralizar as investigações apenas na Petrobras.

O argumento dos aliados de Dilma é que as questões relacionadas ao Porto de Suape, construído no governo de Eduardo Campos, e ao afundamento da plataforma P-36, durante a gestão de FHC, são fatos “conexos” à estatal que precisam ser apurados.

“O que tiver fatos conexos, vai ser investigado”, afirmou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil de Dilma.

O PT também pretende instalar na próxima semana CPI para investigar o cartel do Metrô, em São Paulo.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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