Governo põe Guedes em TV e Voz do Brasil para exaltar economia

A 17 dias das eleições, o governo usou a estrutura estatal de rádio e TV para veicular 24 minutos de entrevista do ministro Paulo Guedes exaltando o desempenho da economia em transmissão para todo o Brasil.

Ao programa estatal Voz do Brasil, Guedes disse que o país está crescendo, gerando empregos e atraindo investimentos. Sem citar o PT, ele também usou o espaço para criticar governos anteriores.

O programa é de transmissão obrigatória para rádios de todo o país e também foi veiculado pela estatal TV Brasil.

A entrevista é dada no momento em que o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) permanece em segundo lugar nas pesquisas, tendo à sua frente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Antigamente era só o governo que investia. E o governo foi quebrado por administrações anteriores, as estatais estavam quebradas, fundos de pensão quebrados, bancos públicos com recursos [apenas] para grandes empresas, ao invés de cuidar do pequeno e médio [empreendedor]”, disse.

“Ao contrário da Venezuela, que está no caminho da miséria, o Brasil está no caminho da prosperidade”, completou, usando uma comparação clássica do bolsonarismo que busca associar o país vizinho aos governos do PT.

Durante o programa, Guedes afirmou que o país bateu no “fundo do poço”, mas voltou. “Brasileiros, orgulhem-se do país, estamos retomando crescimento e gerando emprego”, afirmou.

A TV Brasil exibiu a entrevista em vídeo, com Guedes no estúdio, acompanhada de frases no letreiro inferior como “Brasil retoma crescimento econômico e empregos” e “Desde pandemia, 17 milhões de empregos criados”.

A abertura do programa também mencionou fatos como a revisão da projeção oficial do PIB de 2% para 2,7% e o pagamento do Auxílio Brasil.

Especialistas afirmam que falas na estrutura oficial com conotação eleitoral ou partidária podem ser enquadradas em abuso e uso indevido dos meios de comunicação social.

O ministro aproveitou a transmissão para defender as estratégias de combate à pandemia –que matou quase 700 mil brasileiros— e o auxílio emergencial. Ele voltou a dizer que o Farmácia Popular será mantido (após cortes de mais de 50% no programa de compra de medicamentos, o que gerou alerta na campanha devido à repercussão do tema).

Ele também mencionou a Guerra da Ucrânia para afirmar que o Brasil sofrerá menos impactos econômicos que o resto do mundo.

“Tínhamos avisado que a política econômica brasileira de reação à pandemia, mantendo as reformas estruturais, preservando empregos, salvando vidas, vacinando a população, teria efeito”, afirmou.

“O Brasil é um porto seguro em um mundo em turbulência. […] O Brasil vai continuar crescendo, a inflação está descendo, os programas sociais serão mantidos, o Auxílio Brasil será mantido, a Farmácia Popular será mantida, todos os programas sociais seguem, e o Brasil terá dias melhores”, afirmou.

O ministro ainda fez um aceno aos trabalhadores informais, afirmando que este foi um mercado “descoberto na pandemia” e aos servidores públicos.

“Nós interrompemos reajustes para quem estava bem, como o funcionalismo público brasileiro. […] Foi importantíssima a contribuição do funcionalismo público brasileiro [para a economia brasileira”, afirmou Guedes, que se referiu aos servidores como parasitas em 2020.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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