Ex-presidente do BC impõe condições a Temer

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O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi sondado por Michel Temer neste sábado (23) sobre a possibilidade de comandar o Ministério da Fazenda caso o vice venha a assumir a Presidência da República.

Segundo a Folha apurou, Meirelles respondeu que aceitaria assumir a pasta, desde que pudesse dar a palavra final sobre todos os nomes da área econômica de eventual novo governo. Fazem parte dessa lista o Ministério do Planejamento e as presidências do Banco Central, do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa.

Meirelles e Temer se encontraram neste sábado em Brasília. O peemedebista disse que não pode fazer convites formais antes da votação final sobre a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o que está previsto para maio. Eles ficaram de voltar a conversar depois da decisão.

Na conversa, o vice e Meirelles concordaram que deve haver um alinhamento da equipe econômica. A intenção de Meirelles seria blindar a área para que ninguém atuasse em desacordo com a linha que ele viesse a adotar nem “conspirasse” contra ele se a situação viesse a se complicar.

Temer precisa de um nome de peso na Fazenda para acalmar parte do empresariado, que começa a desconfiar da capacidade do peemedebista de montar uma equipe capaz de tirar o país da crise.

Esse temor aumentou depois de o ex-presidente do BC Armínio Fraga, um dos nomes preferidos do mercado, deixar claro, na semana passada, que não pretende faz parte de um eventual governo Temer.

Após o encontro deste sábado, Meirelles afirmou, em entrevista, estar disposto a aconselhar o vice, caso ele assuma a Presidência, mas afirmou não ter sido convidado para assumir a Fazenda.

Questionado se aceitaria o cargo, disse que não trabalha com “hipóteses”. “Eu não respondo, não trabalho e não penso sobre hipóteses. Eu trabalho com realidade, coisas concretas. E, no momento, o que existem são hipóteses. Estou disposto a aconselhar, dar minha contribuição”, disse.

O ex-presidente do BC, na entrevista, também elogiou a percepção de Temer sobre a economia e disse que o Brasil tem tudo para voltar a crescer, mas que depende de uma retomada da confiança. “Me parece que ele está com uma visão bastante correta e adequada, e que eu acho muito positiva, sobre a economia.”

Para Meirelles, a economia só poderá ser recuperada a partir de uma resolução da crise política. “O que é mais importante é tomar medidas que sinalizem claramente que a trajetória de crescimento da dívida pública vai ser revertida no devido prazo.”

Segundo ele, Temer não se manifestou sobre o diagnóstico apresentado por ele. “Certamente ele está aguardando o pronunciamento do Senado e, a partir daí sim, de uma forma ou de outra, ele vai se manifestar”, disse.

Reunião

Meirelles, que ocupou a presidência do Banco Central entre 2003 e 2010, é, desde 2012, presidente do Conselho da J&F, holding do grupo que produz as marcas Friboi, Seara, Vigor e Havaianas.

Além dele, estiveram no encontro o ex-ministro das Cidades do governo Dilma Gilberto Kassab, que deixou o cargo na semana passada, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Kassab foi chamado à reunião porque é presidente do PSD e Meirelles é filiado ao partido. Jucá é o principal articulador de Temer na formação de sua equipe de governo.

Segundo Jucá, Temer realiza uma série de encontros com economistas para “ir construindo um posicionamento” para o caso de ele precisar “assumir rapidamente o país”.

Antes da reunião, cerca de 200 integrantes do Levante Popular da Juventude e do MST realizam um protesto em frente ao Jaburu, onde Temer se encontrava. Eles colaram cartazes no local com a inscrição “QG do Golpe”.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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